A designer Chemena Kamali é a nova directora criativa da Chloé, anunciou a marca nesta segunda-feira. A alemã sucede a Gabriela Hearst, que apresentou a sua última colecção para a marca francesa na Semana da Moda de Paris. O anúncio surge num ambiente de mudança nas casas de moda.
Até agora, a criadora de 41 anos, natural de Düsseldorf, fazia parte da equipa de design da Saint Laurent, ao lado de Anthony Vaccarello. Está de regresso à Chloé, onde começou a carreira, como parte da equipa de Phoebe Philo e, mais tarde, de Clare Waight Keller. Assume, pela primeira vez, uma posição de destaque.
“O meu coração sempre foi da Chloé. Tem sido desde que entrei por estas portas há mais de 20 anos. Voltar parece-me natural e muito pessoal”, celebrou Kamali, num comunicado partilhado pela marca. A designer diz querer “honrar” a visão da fundadora, Gaby Aghion (1921-2014), e de Karl Lagerfeld (1933-2019), que notabilizou a marca. “Espero conseguir captar a ligação emocional e o espírito da Chloé para hoje.”
Uma felicidade partilhada pelo presidente da marca, Riccardo Bellini, que elogia Chemena Kamali pelo “talento criativo extraordinário, a experiência extensa e ligação única ao legado da marca e aos valores, o que tornam a escolha natural para a maison”.
A estreia está marcada para Janeiro, quando apresentará uma pequena pré-colecção. Depois, em Fevereiro, fará o primeiro desfile na Semana da Moda de Paris com a colecção de Outono/Inverno.
Tal como muitos outros criadores em posições de topo, Kamali estudou moda na conceituada Central Saint Martins, em Londres — curso que terminou “com distinção em 2007”. Recentemente, além de ter estado na Saint Laurent, trabalhava como consultora para uma marca de gangas norte-americana, a Frame.
A sua promoção a directora criativa segue uma tendência recente que se tem verificado na indústria: promover a director criativo designers com uma postura discreta e que já conhecem a casa de moda. É o caso de Seán McGirr, que acaba de substituir Sarah Burton na Alexander McQueen; ou Sabato de Sarno, que se estreou na Gucci. É uma postura absolutamente contrária à da Louis Vuitton, que elegeu o mediático Pharrell Williams para o lugar deixado vago por Virgil Abloh (1980-2021).
Têm surgido também críticas à falta de diversidade de género na liderança das casas de moda. De acordo com a Vogue Business, das 30 marcas de luxo mais conhecidas, só oito dos 33 directores criativos são mulheres. Destacam-se Miuccia Prada, Virginie Viard da Chanel, Maria Grazia Chiuri na Dior e, agora, Chemena Kamali.
A Chloé foi fundada em 1952 precisamente por uma mulher, Gaby Aghion. Foi ela a, mais tarde, contratar Karl Lagerfeld que ficou nos comandos até 1997. Desde então, já passaram por lá nomes como Stella McCartney ou Natacha Ramsay-Levi — curiosamente sempre mulheres, à excepção de Lagerfeld.