Nova Zelândia vira à direita com vitória do Partido Nacional nas legislativas

Christopher Luxon, um empresário que entrou na política há três anos, deverá formar um governo de coligação com os liberais do ACT.

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Christopher Luxon saúda os seus apoiantes após a vitória eleitoral Reuters/DAVID ROWLAND
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O Partido Nacional venceu este sábado as eleições legislativas na Nova Zelândia, marcando uma viragem à direita após seis anos de governo do Partido Trabalhista, e deverá agora formar um executivo de coligação com os liberais do ACT.

O partido de centro-direita liderado por Christopher Luxon somava 39% com 95% dos votos apurados, enquanto o ACT tinha 9%, dando aos dois partidos assentos parlamentares suficientes para formar governo. O Partido Trabalhista, de centro-esquerda, liderado pelo ainda primeiro-ministro neozelandês Chris Hipkins, ficava-se pelos 26% dos votos, quase metade da votação alcançada nas eleições anteriores, em 2020.

Segundo as projecções, a potencial coligação entre o Partido Nacional e o ACT deverá conquistar 61 lugares no parlamento, ou seja, mais de metade dos 120 assentos da assembleia. Com alguns resultados ainda por contar, nomeadamente os votos do estrangeiro, a única dúvida é se Luxon será obrigado a juntar um terceiro partido à coligação, neste caso o populista New Zealand First.

“Com base nos números desta noite, o Partido Nacional estará em posição de liderar o próximo governo”, disse Luxon, um empresário e antigo CEO da Air New Zealand que apenas entrou na política há três anos, aos seus apoiantes reunidos em Auckland, a segunda cidade neozelandesa.

“Vocês deram asas à esperança e votaram na mudança”, afirmou Luxon, que durante a campanha prometeu colocar a Nova Zelândia “de novo no bom caminho”. O líder do Partido Nacional comprometeu-se a baixar o custo de vida, a restabelecer a lei e a ordem, bem como a melhorar os cuidados de saúde e a educação.

O primeiro-ministro cessante, Chris Hipkins, que ocupou o cargo por curtos nove meses depois de ter substituído Jacinda Ardern em Janeiro, disse que já tinha telefonado a Luxon a felicitá-lo pela vitória.

“Não foi o resultado que desejávamos, mas quero que se sintam orgulhosos pelo que alcançámos nos últimos seis anos”, afirmou Hipkins num discurso perante os seus apoiantes na capital neozelandesa, Wellington.

Jacinda Ardern demitiu-se inesperadamente do cargo de primeira-ministra em Janeiro, uma decisão que justificou com o desgaste físico e psicológico que o exercício do cargo lhe causou, afirmando que já não tinha “força suficiente” para continuar.

A popular política neozelandesa vencera as últimas eleições, em 2020, com uma vitória esmagadora, mas viu a sua popularidade ir diminuindo devido ao cansaço causado pela política de covid zero imposta pelo Partido Trabalhista e pelo crescimento da inflação e consequente aumento do custo de vida.

“O principal factor que contribuiu para este resultado foi a insatisfação dos eleitores com o governo trabalhista”, considerou Ben Thomas, comentador político e antigo membro do Partido Nacional.

Os trabalhistas não só perderam lugares para a direita, como também para partidos mais pequenos à esquerda, nomeadamente os Verdes e o Te Pati Maori (defensor dos direitos indígenas), que arrecadaram os votos dos neozelandeses que querem maior acção no país no combate às alterações climáticas e mais políticas sociais destinadas aos maoris, que formam cerca de 16% da população da Nova Zelândia.

O Partido Verde deverá ficar com 14 lugares no parlamento neozelandês, depois de ter conseguido conquistar alguns bastiões do Partido Trabalhista, incluindo Wellington Central. Já o Te Pati Maori deverá obter quatro assentos na nova legislatura.

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