O papel do voluntariado na construção da paz

O voluntariado não é apenas um ato de caridade: é a personificação da empatia, da compaixão e da crença no potencial de a nossa atitude pode gerar mudança.

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"Os voluntários trabalham lado a lado com minorias, com diversidade, com a fragilidade" Rui Oliveira/Arquivo
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Num mundo atual, em que assistimos a conflitos graves, alguns quase à nossa porta, e onde a tolerância é substituída pela discórdia, o papel do voluntariado na construção da paz pode ser um farol de esperança e união. Esperança num mundo melhor e união em torno de pilares numa sociedade como são a empatia, a bondade e a generosidade. Os voluntários, movidos pelo desejo de causar um impacto positivo e pelo altruísmo, desempenham um papel crucial na redução das desigualdades e na promoção do bem fazer nas suas comunidades e devem ser vistos como um exemplo a seguir.

O voluntariado não é apenas um ato de caridade: é a personificação da empatia, da compaixão e da crença no potencial de a nossa atitude pode gerar mudança. Os voluntários, muitas vezes residentes locais profundamente enraizados nas suas comunidades, possuem uma vantagem única no que respeita à construção da paz. O seu conhecimento íntimo do contexto, dos costumes e das tradições locais permite-lhes navegar em cenários sociopolíticos complexos com uma sensibilidade que pode faltar aos intervenientes externos. Esta familiaridade permite-lhes criar confiança e credibilidade na sua ação, um primeiro passo se queremos fazer parte de um processo de construção de um mundo mais pacífico e fraterno.

Um dos impactos mais profundos do voluntariado na construção de um mundo melhor é a sua capacidade de quebrar barreiras, estigmas e promover, efetivamente, uma melhoria nas suas comunidades. Os voluntários trabalham lado a lado com minorias, com diversidade, com a fragilidade, criando ligações que transcendem as divisões étnicas, religiosas ou políticas. Através de experiências partilhadas e esforços de colaboração, os voluntários podem humanizar o mundo, dissipando ideias erradas e preconceitos que alimentam conflitos. O voluntariado pode ser uma ferramenta poderosa para construir pontes entre comunidades e para fazerem a diferença na vida das pessoas ou de uma comunidade.

O voluntariado também pode contribuir para envolver essas comunidades em diversas iniciativas, nomeadamente em processos de construção da paz porque ajudam a garantem, muitas vezes, a inclusão e representação das pessoas no processo de melhoria das suas condições de vida e até na garantia dos seus direitos fundamentais.

Os voluntários podem desempenhar, mesmo, um papel fundamental na defesa da justiça e dos direitos humanos em todo o mundo. Estão presentes e muitas vezes levantam as suas vozes. Fazem a diferença e dão a conhecer muitas realidades onde a injustiça impera e os direitos humanos são violados.

Além disso, o impacto do voluntariado pode estender-se para além dos beneficiários imediatos. Assim haja compromisso e vontade. Voluntários comprometidos são promotores de mudança e podem inspirar outros a juntarem-se e a fazerem o mesmo. Ser um exemplo e ter a capacidade de arrastar outros é o que pode fazer a diferença, mudando a narrativa da divisão e da hostilidade para uma narrativa de cooperação e harmonia.

O voluntariado pode ser uma força poderosa para a construção da paz, e isto merece reconhecimento e apoio a todos os níveis, social, económico e político. A capacidade dos voluntários de promover a compreensão, a sua ação e poder até capacitar as comunidades e inspirar mudanças positivas, torna-os uma ferramenta inestimável na procura de uma paz duradoura e sustentável. Os governos, organizações e indivíduos devem investir e promover iniciativas de voluntariado como forma de construir um mundo mais harmonioso e equilibrado. Cada um de nós pode ser agente ativo nesta construção.

Ser voluntário requer paixão e dedicação, vontade de mudar o mundo. Cada um de nós, sozinho, não tem força para mudar o mundo, mas como dizia Madre Teresa de Calcutá, basta a vontade de mudar a vida de uma pessoa no nosso mundo e fazemos a diferença. Façamos a diferença e acreditemos que assim podemos construir um mundo melhor.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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