Após o recorde feminino de Tigist Assefa na maratona de Berlim, o mundo parou para olhar para as sapatilhas da corredora etíope. As Adios Pro Evo 1s apresentavam-se com as sapatilhas mais leves de sempre e chegaram com um preço de 500 euros, relançando a guerra das “super sapatilhas” de corrida, batalha que a Nike dominava com alguma margem de conforto até então. Contudo, a gigante norte-americana do desporto não se deixou ficar: com o protótipo de uma nova sapatilha nos pés, Kelvin Kiptum fez a maratona de Chicago em menos de duas horas e um minuto (2h00m35s), tirando mais de 30 segundos ao anterior recorde, detido por Eliud Kipchoge. O anúncio oficial do lançamento das Nike Alphafly 3 seguiu-se pouco tempo depois no Instagram.
Ainda não se sabe muito sobre a nova “super sapatilha” da Nike, com a marca norte-americana a adiantar que chegará às lojas no próximo mês de Janeiro. Tal como acontece com os novos modelos, é expectável uma subida de preço face à segunda versão desta sapatilha — fixado em 309,99 euros no mercado português —, mas ainda não há confirmação oficial.
As Alphafly 3 estreiam-se em competição com um recorde mundial absoluto na maratona, seguindo a herança pesada deixada pelas duas gerações anteriores. Este modelo da Nike está umbilicalmente ligado ao sucesso do queniano Eliud Kipchoge, tendo sido nestas sapatilhas que o antigo recordista conseguiu o feito de correr 42,2 quilómetros em menos de duas horas num evento organizado pela marca. Apesar de o tempo não ser reconhecido oficialmente, a prestação do queniano contribuiu para o aumento da popularidade desta “super sapatilha”, tendo sido, inclusivamente, feita uma edição especial dedicada a Kipchoge. Foi ainda neste modelo que Kipchoge conseguiu um recorde na maratona de Berlim, correndo a prova em 2h01m09s na edição de 2022.
O que traz esta sapatilha? As anteriores foram aclamadas pelo peso reduzido, bom amortecimento e forte propulsão, uma receita que a Nike deverá manter nas Alphafly 3. Pelas fotografias partilhadas das sapatilhas usadas por Kelvin Kiptum, em Chicago, notam-se pequenas diferenças na sola, apesar de o design geral ser bastante próximo do modelo que as antecede. A forma como as pequenas alterações podem ter impactos no rendimento está ainda no segredo dos deuses, com as Alphafly 3 apenas acessíveis, para já, a alguns dos corredores de elite que trabalham com a marca no desenvolvimento desta “super sapatilha”.
A resposta à Adidas
A Nike aproveitou o novo recorde de Kelvin Kiptum para se afirmar novamente como a marca rainha da guerra das “super sapatilhas”. O timing não podia ter sido melhor: a publicidade conseguida pelas Adios Pro Evo 1s, no final de Setembro, colocou a rival nas bocas do mundo. A sapatilha ficou colada à prestação de excelência de Tigist Assefa em Berlim, ajudando a atleta etíope de 26 anos a tirar mais de dois minutos ao recorde de maratona feminino.
O peso das sapatilhas da Adidas foi reduzido até aos 138 gramas, uma descida de 40% face ao segundo modelo mais premium da marca, as Adizero Adios Pro 3. O novo modelo conta também com as solas mais finas e leves de sempre. O retorno de energia foi também melhorado, reduzindo o desgaste nas provas mais longas.
Um dos factores que captou a atenção do grande público foi o preço de 500 euros pedido pela marca. O facto de ser aconselhado que as sapatilhas sejam apenas usadas numa prova de maratona para maximizar a performance foi outro dos pontos, com críticas às políticas de sustentabilidade da Adidas.
A verdade é que os stocks limitados esgotaram em pouco tempo, com vários corredores à procura de conseguir usar as “super sapatilhas” para tirar tempo às suas melhores marcas. Com o reacendimento da luta entre as gigantes do desporto, regressa a velha pergunta à mente dos corredores de grandes distâncias: "Nike ou Adidas?"