Sporting sobrevive à desigualdade frente ao Arouca
A expulsão de Diomande ainda na primeira parte criou uma desigualdade numérica à qual o Sporting respondeu pelo talento individual. Gyokeres foi o homem do jogo.
1-0, um jogador a menos, 1-1, mais um central em campo, 2-1. As peripécias deste jogo não tiveram contornos comuns, mas o Sporting, reduzido a dez jogadores ainda na primeira parte, sobreviveu a esta desigualdade numérica e levou três pontos do jogo frente ao Arouca.
O triunfo por 2-1, neste domingo, em Alvalade, acabou por premiar a equipa que mais fez por vencer – ainda que não seja um elogio assim tão grande, já que o Arouca fez pouco mais do que nada para ganhar.
Mesmo não tendo sido muito capaz na criação de oportunidades de golo, o Sporting acaba por levar uma vitória justa.
O “autocarro” amarelo
Na primeira parte, o Arouca mostrou por que motivo é a terceira equipa que menos remates permite aos adversários – só Sporting e FC Porto concedem menos – e também o motivo pelo qual é das que menos passes longos permite às outras equipas.
A formação de Daniel Ramos estacionou um “autocarro” dos grandes à frente da sua área, com uma linha de cinco e outra de quatro, bem juntas, à frente de um avançado também ele bastante recuado.
Nessa medida, não havia espaço entre linhas, não havia terreno livre para profundidade e não havia sequer largura, já que uma linha de cinco defesas, tendo naturalmente algumas desvantagens, tem a vantagem óbvia de permitir defender mais largo. O Arouca estava também a ser muito forte nos duelos, com os defensores com indicações claras para não deixarem Edwards e Pote virarem-se de frente para o jogo – erro cometido, por exemplo, pelo Rio Ave em Alvalade.
O jogo esteve largos minutos sem qualquer remate e sem aproximações perigosas. Com profundidade, largura e espaço entre linhas inexistentes, as únicas soluções para o Sporting eram as bolas paradas e trocas posicionais que não estavam a acontecer, mas que permitiriam deslocar o bloco denso do Arouca – Morita esteve muito preso e os centrais não criaram desequilíbrios em condução.
Só aos 31’ o Sporting provocou um momento desse tipo, quando Esgaio e Edwards forçaram uma troca defensiva no Arouca. Um pouco “à basquetebol”, a troca posicional obrigou a marcação homem a homem a ser trocada e o jogador que teve de pegar em Edwards atrasou-se o suficiente para o inglês poder cruzar para uma grande finalização de Gyokeres.
Também uma bola parada aos 39’ criou uma oportunidade de golo e só por estas duas vias havia forma de criar perigo.
Expulsão de Diomande
Até que a Diomande, já advertido numa altercação com um adversário, foi exibido um segundo cartão amarelo. Mas há um detalhe no Sporting actual que permite mascarar uma inferioridade numérica: esse detalhe chama-se Gyokeres.
O sueco por vezes parece valer por dois, tal é a abrangência que tem no seu jogo – segura em largura, em profundidade e em apoio frontal, esperando sofrer falta ou esperando a presença de um colega para combinar.
E foi assim que o Sporting começou a jogar – defesa baixa (Matheus Reis entrou e Inácio foi para central pela direita) e, ofensivamente, bola em Gyokeres. O problema para este plano, que parecia interessante, é que Coates adormeceu.
Aos 52’, o Arouca fez dois contra dois no corredor direito e deixou outro dois contra dois na área. Bola aérea e Coates, “adormecido”, a deixar Mujica sem marcação entre os dois centrais, para um cabeceamento certeiro.
Possivelmente temendo o jogo aéreo do Arouca e porventura descontente com a dinâmica entre Coates e Matheus Reis no golo sofrido, Rúben Amorim lançou Eduardo Quaresma, para recolocar Inácio como central pela esquerda.
Aos 68’, o Sporting chegou ao 2-1 novamente pela via do 1-0: houve troca defensiva provocada pelo movimento do lateral (Matheus Reis) e Pote, com uma jogada individual, cruzou para uma finalização de Morita ao primeiro poste – o tipo de movimento que o japonês tem aprendido a fazer, mas que tinha ficado por executar até então neste jogo.
Com o 2-1, o Sporting voltou a baixar as linhas, algo que não é novo para uma equipa que no primeiro ano de Amorim sempre se habituou a este tipo de posicionamento.
Aos 87’, o Arouca também ficou com dez, com segundo amarelo a Rafael fernandes, e o jogo “acabou”. O Arouca era pouco capaz com 11 jogadores e menos capaz ficou com dez.