A longa história de resistência do nheengatu

Durante décadas, uma língua de base tupi, com tempero tupinambá e um toque do português foi a língua franca do Grão-Pará e Maranhão. Proibida depois por Pombal, o nheengatu sobrevive no Alto Rio Negro

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Lucas Marubo, do povo marubo, exibe a Constituição brasileira de 1988 traduzida para a língua indígena nheengatu. Foram precisos 35 anos para que esta tradução se concretizasse Fellipe Sampaio/SCO/STF
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No dia 19 de Julho deste ano, São Gabriel da Cachoeira engalanou-se para um momento especial: a apresentação da Constituição Federal do Brasil de 1988 em nheengatu. A presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, não faltou ao acontecimento. Ao seu lado estiveram a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e, entre outras dignidades, a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana. Compreende-se: pela primeira vez, a lei fundamental do Brasil tinha sido traduzida numa língua indígena. E ainda mais porque essa tradução se fez em nheengatu, uma língua que no século XVIII ameaçou sobrepor-se ao português, foi proibida e combatida quer pela colonização quer pelo Brasil independente e que quase por milagre sobreviveu entre vários povos do Alto Rio Negro.

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