Google Pixel chega a mercado em queda. Há espaço para mais smartphones em Portugal?

Os Google Pixel 7a, 8 e 8 Pro juntam-se à oferta de telemóveis Android em Portugal. Chegam a um mercado em queda que a Samsung e a Xiaomi lideram; a Google espera juntar-se aos “parceiros”.

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Os telemóveis Pixel 8 e Pixel 8 Pro chegam às lojas portuguesas a 12 de Outubro Reuters/CAITLIN OCHS

Portugal soma mais uma marca de smartphones. Este mês, a Google junta-se às empresas que vendem telemóveis com sistema operativo Android em território português com os seus próprios aparelhos: o Pixel 7a (lançado noutros mercados em Maio) e os novos Pixel 8 e o Pixel 8 Pro. Os preços começam nos 539 euros para o Pixel 7a e nos 829 euros para os novos Pixel 8. Como outros telemóveis, os aparelhos prometem maiores e melhores baterias, ecrãs brilhantes e muitas funcionalidades de inteligência artificial (IA). Chegam a um mercado saturado e em queda: com produtos cada vez mais semelhantes e caros, as pessoas investem em aparelhos que tentam manter durante mais tempo.

Segundo dados da analista de mercado IDC, a venda de smartphones em Portugal caiu cerca de 4% em 2022. A Samsung e a Xiaomi lideram o mercado há anos (juntas representam cerca de 68% das vendas), com os seus telemóveis que usam o sistema operativo Android da Google. Segue-se a Apple, com 18% das vendas entre Maio e Junho deste ano.

É uma competição difícil considerando que ao nível global a Google representa bem menos de 1% do mercado de smartphones. A empresa norte-americana diz que está preparada. “É bom entrar num mercado Android forte”, sublinha ao PÚBLICO Gary Moreline, responsável pelas vendas da Google no mercado europeu, notando que a empresa “está a crescer gradualmente”.

A partir deste mês, Portugal passa a fazer parte dos 14 países onde se pode comprar os aparelhos Pixel na Europa. Os novos Pixel 8 e 8 Pro só estão disponíveis em duas dezenas de países.

“Ao todo, a Google apenas representa cerca de 0,4% das vendas mundiais de smartphones, mas é preciso ter cuidado com estes números porque a Google está presente num número limitado de países. A empresa tem sido cautelosa na expansão”, contextualiza ao PÚBLICO Francisco Jerónimo, vice-presidente da IDC para o mercado de dispositivos electrónicos na Europa.“Com os Pixel, a Google está numa posição complicada porque vende o Android a várias marcas de telemóveis. ​Até agora, a marca tem entrado onde há o menor atrito com os seus clientes como nos EUA.

No primeiro trimestre de 2023, o mercado nos EUA era dominado pela Apple. “Em muitos países, o grosso do dinheiro que a Google faz em smartphones vem do que vende noutros fabricantes. Se a competição começar a ser muito acentuada, as fabricantes de outras marcas podem começar a pensar em alternativas para o sistema operativo”, reflecte Jerónimo.

A Google tem uma visão distinta. “É difícil entrar em qualquer mercado novo. Não hesitamos, preparamos as entradas”, justifica Moreline. “Vemos outras marcas Android como parceiros. Qualquer concorrente é também um parceiro”, continua. Os Pixel mostram o melhor do Android, primeiro.” Mais do que mais um telemóvel, um Pixel é um computador móvel com IA no centro.

Os novos Pixel 8, da Google, usam IA para transcrever, traduzir e resumir informação em tempo real e editar vídeos, gravações e fotografias ao remover ou alterar sons, objectos e pessoas. O sistema operativo também inclui um filtro de chamadas com IA que detecta chamadas de serviços (por exemplo, agências de viagens) e atende-as com um chatbot.

A Google também não é a única marca a vender, simultaneamente, programas informáticos e equipamentos. A Microsoft, por exemplo, oferece o sistema operativo Windows e portáteis e tablets Surface. “O poder é diferente”, acautela Francisco Jerónimo. “Não há uma mão-cheia de marcas a dominar claramente o mercado dos computadores

Telemóveis para “durar”

Gary Moreline insiste que a missão da Google Pixel é oferecer telemóveis “para durar”. Os novos Pixel 8 e o Pixel 8 Pro estarão prontos para receber actualizações durante sete anos, algo inédito entre marcas de telemóveis (a Apple oferece cinco anos de actualizações do iOS e actualizações de segurança durante mais alguns). Isto quer dizer que a Google se compromete a lançar actualizações para melhorar a segurança e funcionamento dos telemóveis até 2030, o que inclui actualizar as capacidades de inteligência artificial, um dos grandes destaques dos novos Pixel.

Com o tempo, a Google espera posicionar-se como uma alternativa forte no mercado Android em Portugal. Apesar de ser um nicho, a marca é das poucas a crescer em muitos países: no Japão, por exemplo, cresceu mais de sete pontos percentuais entre 2022 e 2023 (de 1,5% para 9%). Nos EUA, apesar de representar menos de 5% do mercado, a marca também é a única a crescer.

“Actualmente, a quota de mercado da Google é inferior à de outras marcas devido à sua disponibilidade limitada. No entanto, se a Google expandir a sua gama de mercado, poderá subir alguns lugares nos próximos anos”, argumenta Jan Stryjak, director adjunto da analista de mercado CounterPoint na Europa. “Prevemos que a quota global do Google Pixel cresça para cerca de 1,3% no quarto trimestre, após o lançamento do Pixel 8.”

Por ora, é muito cedo para perceber o sucesso dos Google Pixel no mercado português. “Vai depender da importância e investimento que os operadores derem à marca. Não só no lançamento, mas depois, com outras promoções”, avança Francisco Jerónimo, da IDC. “Com mais funcionalidades de IA e a União Europeia a obrigar as marcas a suportar actualizações durante mais tempo, os telemóveis vão ser obrigados a ter uma maior capacidade de processamento. Tudo isto vai levar ao aumento dos preços”, analisa o presidente da IDC para a região da Europa. “E a verdade é que a Google é uma marca forte, reconhecida do consumidor.

Ainda assim, os Pixel são a segunda encarnação de telemóveis da marca: nasceram em 2016 para substituir a linha Nexus, lançada quatro anos antes, que nunca alcançou popularidade entre as massas.

Os novos Google Pixel chegam às lojas a 12 de Outubro.

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