“O Governo não é o Governo dos médicos, é o Governo dos cidadãos em geral”
António Costa diz que orçamento do Serviço Nacional de Saúde é de 14 mil milhões de euros este ano, quase tanto como a “bazuca”
O primeiro-ministro António Costa está convencido de que os médicos vão aderir ao regime de dedicação plena nos hospitais e beneficiarão da generalização das unidades de saúde familiar (USF) nos centros de saúde onde a remuneração é associada ao desempenho (modelo B) para, dessa forma, verem as suas remunerações aumentar de forma significativa.
Mas, em entrevista à CNN Portugal esta segunda-feira à noite, também quis deixar claro que “não é possível só meter mais dinheiro em cima dos problemas”. “Temos de ter maior eficiência na gestão dos recursos”, enfatizou, lembrando que o orçamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi este ano de 14 mil milhões de euros, quase tanto como o total da “bazuca” (Plano de Recuperação e Resiliência), 16 mil milhões de euros.
Por isso, disse, “o primeiro passo” foi criar a Direcção Executiva do SNS, que “está a adoptar medidas” que são “difíceis” e geram “resistências”. “Mas com isto vamos ganhar sinergias”, defendeu, comparando “o funcionamento dos estabelecimentos hospitalares no Porto [área metropolitana], onde este modelo já funciona há bastante tempo”, com que o existe “na área metropolitana de Lisboa”.
A meio da entrevista, António Costa confundiu a anunciada generalização das unidades locais de saúde (ULS) - que congregam hospitais e centros de saúde - a partir de 2024 com a generalização das unidades de saúde familiar (USF) – equipas de médicos, enfermeiros e secretários clínicos que se constituem voluntariamente nos cuidados de saúde primários – com remuneração associada ao desempenho (modelo B) com que o Governo acena aos médicos para aumentar de forma significativa os seus salários.
E até deu o exemplo de uma vizinha médica que trabalha no centro de saúde de Vila Franca de Xira e que o interpelou dizendo que trabalha há vários anos para ganhar 1700 euros por mês . Com “a reforma muito profunda da carreira médica” em curso “vai ter aumento de 66% do seu salário”, calculou.
Agora, lembrou também, ao ser confrontado com as greves e a recusa de alguns médicos de ultrapassarem o limite de horas extraordinárias anuais, "o Governo tem que assegurar equitativamente a todos [os portugueses] aquilo que é a melhoria das suas condições de vida”. “O Governo não é o Governo dos médicos nem dos jornalistas, é o Governo dos cidadãos em geral”, rematou.