Biden recebe líderes do Pacífico para tentar conter influência chinesa na região

Presidente dos EUA quer reforçar investimento e laços diplomáticos com as nações insulares. Primeiro-ministro das Ilhas Salomão, que se aproximaram de Pequim nos últimos anos, rejeita convite.

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No ano passado, Biden já tinha recebido os representantes de países do Pacífico em Washington D.C. Reuters/JONATHAN ERNST
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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai ser o anfitrião de uma cimeira de três dias com os líderes políticos de diversas nações do Pacífico Sul. O evento começa na segunda-feira, em Washington D.C., e pretende atestar a determinação do Governo norte-americano em manter e reforçar a sua influência na região, numa altura em que a República Popular da China também mostra interesse e ambição em penetrar nessa zona do globo.

No sábado, por exemplo, o Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, em Hangzhou, e prometeu apoiar Díli nos sectores da indústria, das infra-estruturas e social, no âmbito da elevação da cooperação entre os dois países para uma “parceria estratégica abrangente”.

Citada pela Reuters, a Casa Branca informou que a cimeira nos EUA terá como grandes temas o crescimento económico, as alterações climáticas, o desenvolvimento sustentável e o combate à pesca ilegal.

Biden vai anunciar o reconhecimento diplomático das Ilhas Cook e de Niue e prometer mais fundos para os países em causa, que, entre outras áreas, servirão para a construção e reforço de infra-estruturas, incluindo cabos submarinos de Internet.

O Presidente norte-americano também pretende homenagear os convidados durante um jogo da NFL (futebol americano) e levá-los a conhecer o plano de acção da Guarda Costeira do país para combater a pesca ilícita.

A cimeira tem lugar cerca de um ano depois de um outro evento muito semelhante, no qual os EUA se comprometeram a investir mais de 810 milhões de dólares (cerca de 760 milhões de euros) em programas de ajuda a 14 nações do Pacífico Sul e a apoiá-las na luta contra a “coerção económica” de Pequim.

Nesse encontro, Biden também prometeu visitar pessoalmente a Papuásia Nova-Guiné, por ocasião da assinatura de um novo acordo de Defesa com os EUA, que tem como objectivo expandir as capacidades defensivas e de patrulhamento marítimo do país insular e facilitar a realização de exercícios conjuntos e de sessões de treino da Marinha norte-americana às autoridades locais.

O Presidente norte-americano acabou por falhar a promessa, justificando a ausência com as negociações entre republicanos e democratas sobre o limite da dívida norte-americana, e foi Antony Blinken, secretário de Estado, que representou Washington nessa cerimónia, em Maio – a cimeira que arranca esta semana é, por isso, vista como uma iniciativa de Biden para tentar compensar aquela ausência.

Ainda antes de a cimeira arrancar, a Casa Branca já recebeu, no entanto, uma má notícia: Manasseh Sogavare, primeiro-ministro das Ilhas Salomão, recusou participar.

Esta ausência é bastante relevante em termos diplomáticos, tendo em conta que Sogavare fechou no ano passado um pacto de cooperação policial e económica com a China, que as autoridades norte-americanas e australianas suspeitam que venha a permitir que a Marinha chinesa atraque barcos de guerra nos portos do arquipélago, localizado a dois mil quilómetros da costa da Austrália.

No seu discurso na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, na sexta-feira, o primeiro-ministro das Ilhas Salomão elogiou o Governo chinês e assumiu que a cooperação com Pequim era “menos restritiva, mais responsável e alinhada com necessidades nacionais” do seu país.

Citado pelo Guardian, um membro da Administração Biden confessou que o Governo dos EUA estava “desiludido” com a decisão de Sogavare de não comparecer na cimeira com outros países do Pacífico Sul.

A par das iniciativas económicas e diplomáticas deste tipo, os EUA também reforçaram recentemente a sua posição na região com a criação do AUKUS, uma parceria de segurança com a Austrália e o Reino Unido, que permitirá fornecer submarinos nucleares à Marinha australiana a partir de 2030.

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