Levar filhos pequenos à Missa: sim ou não?

Todos concordamos que as crianças, em geral, não são nem caladinhas, nem sossegadas!

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Eduardo Moser/sandradesign
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Ana,

Tomo consciência de que tenho dupla personalidade. É verdade. Quando vejo crianças pequenas na Missa, o meu primeiro instinto é passar-lhes um bloco e uma caneta para se entreterem. Mesmo que não as conheça de lado nenhum. Tenho pena delas, e sinto que não ganham nada em passar ali uma hora inteira, quietos e calados. Só tenho vontade de lhes dizer que vão lá para fora brincar.

Esta é a Isabel A.

A Isabel B. admira os pais que conseguem que os filhos fiquem direitinhos e quietos durante aquele tempo, sem birras, nem choraminguices. Sem carrinhos, nem telemóveis com jogos. E há alguns que ficam, Ana. E penso “Que grande pinta”, e admiro a autoridade daqueles pais, a capacidade de os disciplinar, e acredito que lhes estão a dar ferramentas para a vida. Porque nem tudo pode ser uma festa na vida.

Que Isabel preferes?

Querida Mãe,

A mãe está a olhar para a parentalidade de uma perspetiva de ação-reação. Os pais fazem A. e dá o resultado B. Não concordo com essa premissa. Parece-me que é mais assim:

Expetativa: Que os meus filhos fiquem calados e quietos durante uma hora.

E aí penso: isto é mesmo importante para mim? Ou até gosto quando fazem perguntas sobre o que ouviram ou estão a ver? Eu também estou calada ou gosto de comentar com a minha mãe/irmã as coisas que vou ouvindo e vendo?

Se a resposta for que é mesmo importante para mim, que quero mesmo estar compenetrada, odeio ser interrompida e que de cada vez que um deles fala, fico (e eles sentem) a minha irritação, então avançamos pela Isabel B. Mas, se não for assim, vai ser muito difícil sermos coerentes e mais vale ir à Isabel A.

Mas como não estamos sozinhas neste jogo, temos que olhar para os nossos filhos, e perguntar:

Os meus filhos têm facilidade em cumprir essa expetativa? Basta uma olhadela ou mandar parar e param? Ou tenho um filho que é um “terrorista” e não consegue mesmo parar quieto? E uma hora sossegadinho na Missa, ou em qualquer outro lado, é uma expetativa irrealista, que só pode resultar numa guerra permanente? Se assim for pode escolher continuar pela Isabel B., mas, sinceramente, se a criança não consegue mesmo cumprir a meta que se lhe propõe (ou pela idade ou por imaturidade) então vai ficar num beco sem saída.

Já se escolher a Isabel A. tem mais hipóteses de sucesso, e pelo menos consegue ir à Missa. E, quando se sentir julgada pelos pais do tipo B., pode sempre recordar-se que Jesus disse “Deixem vir a mim as criancinhas e não as impeças, porque o reino dos Céus pertence aos que são semelhantes a elas”. E acho que todos concordamos que as crianças, em geral, não são nem caladinhas, nem sossegadas!


Com o Birras de Mãe, uma avó/mãe (e também sogra) e uma mãe/filha, logo de quatro filhos, separadas pela quarentena, começaram a escrever-se diariamente, para falar dos medos, irritações, perplexidade, raivas, mal-entendidos, mas também da sensação de perfeita comunhão que — ocasionalmente! — as invade. E, passado o confinamento, perceberam que não queriam perder este canal de comunicação, na esperança de que quem as leia, mãe ou avó, sinta que é de si que falam. Depois das férias de Verão de 2023, estão de volta com uma nova temporada repleta de birras.

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