Número de mortos nas inundações da Líbia pode quadruplicar

Líbios e países vizinhos mobilizam-se para acudir à zona costeira devastada, onde continuam a surgir corpos dos destroços.

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Uma rua de Derna, que foi a cidade mais afectada pelas inundações Reuters/AYMAN AL-SAHILI
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Talvez nunca se venha a conhecer com exactidão a dimensão da catástrofe provocada pela passagem da tempestade Daniel pela Líbia. As inundações devastadoras que quase apagaram a cidade de Derna da superfície terrestre provocaram pelo menos 6000 mortos e 34 mil desalojados, mas teme-se que o número de vítimas mortais possa quadruplicar. A todas as horas continuam a surgir corpos entre os escombros.

“A melhor maneira de descrever [o que aconteceu] é pensar num mini-maremoto que varreu completamente tudo à sua passagem”, disse à Al Jazeera um responsável pela organização humanitária Islamic Relief, Salah Aboulgasem, que está a trabalhar em Derna. Segundo os seus cálculos, 30% da cidade “desapareceu completamente” e é de esperar que o número de mortos “duplique ou até quadruplique”.

A cidade na zona oriental do país, banhada pelo Mediterrâneo, foi a área mais afectada pela tempestade, que fez colapsar duas barragens nas proximidades e deixou a zona urbana à mercê de um caudal imenso de água.

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“Existem sete entradas na cidade, mas apenas duas estão actualmente disponíveis”, explica a Organização Internacional das Migrações (OIM) numa publicação na rede social X (antigo Twitter). Estradas “obstruídas, destruídas ou inundadas” e “falhas de energia generalizadas e problemas nas redes de telecomunicações” estão a dificultar o trabalho das equipas de resgate.

Itália enviou equipas de bombeiros para ajudar nas missões de busca e salvamento, enquanto outros países da União Europeia, mais o Qatar, o Egipto, a Jordânia, os Emirados Árabes Unidos, a Turquia, o Kuwait, a Tunísia e a Argélia enviaram alimentos, medicamentos, tendas, geradores, depósitos de água potável e outros bens de primeira necessidade.

Um responsável do Conselho Norueguês para os Refugiados disse à BBC que as necessidades mais urgentes são comida, água, leite para bebés e produtos de higiene. “Também vamos enviar sacos para cadáveres. Temos de começar do zero porque a situação é muito desesperada e estas pessoas ficaram sem nada”, afirmou Ahmed Bayram. Em Derna, os mortos são enterrados às dezenas em valas comuns.

Além de Derna, uma parte substancial da zona costeira líbia, na sua parte mais oriental, foi devastada pela tempestade. Calcula-se que na cidade de Al Mkheley, que a OIM diz estar “apenas acessível por estradas de deserto que requerem veículos para o deserto”, mil pessoas tenham ficado sem casa. Em Albayda, classificada como zona “gravemente afectada”, outras 3000 pessoas tiveram de abandonar as suas habitações.

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