A Inditex, proprietária da Zara, anunciou, nesta quarta-feira, que superou as expectativas, com um aumento de 40% no lucro líquido semestral, apesar de a maior empresa de moda rápida do mundo ter abrandado o ritmo dos seus aumentos de preços.
A Inditex alargou a sua vantagem sobre a rival sueca H&M, fornecendo as tendências da moda mais rapidamente a partir de fornecedores próximos, a preços que lhe permitem fazer face às pressões inflacionistas.
A empresa registou um lucro líquido de 2,5 mil milhões de euros nos seis meses até 31 de Julho, ultrapassando as previsões do mercado de 2,38 mil milhões de euros, de acordo com dados da LSEG.
No entanto, as suas acções caíram 1,5% no início das negociações em Madrid, uma vez que os investidores olharam com reservas para os lucros após um aumento de 58% no último ano.
“Tendo em conta o desempenho recente, muitos investidores interrogam-se sobre a duração da força”, declarou William Woods, analista da Bernstein.
A maioria dos analistas espera que a forte posição financeira da Inditex lhe permita manter os preços estáveis ou mesmo reduzi-los, face ao enfraquecimento da procura e à descida da inflação.
A marca principal do retalhista, a Zara, planeia uma nova expansão de lojas nos Estados Unidos, um mercado que há dois anos se tornou o maior da Inditex depois de Espanha.
As vendas da Inditex aumentaram 13,5% para 16,9 mil milhões de euros e uma margem bruta de 58,2%.
O grupo, que também detém a Bershka, a Pull & Bear e outras marcas, afirmou que as vendas em moeda constante, entre 1 de Agosto e 11 de Setembro, foram 14% superiores às do ano anterior, mostrando que o ritmo das vendas de Verão continua à medida que as colecções de Outono começam a chegar.
“Espero que os aumentos de preços sejam moderados ao longo do próximo ano”, afirmou Richard Chamberlain, analista do RBC, acrescentando que os resultados superaram as suas expectativas.
Com uma grande parte dos seus custos em euros, a Inditex disse que espera que as moedas tenham um impacto negativo de 3,5% nas vendas deste ano, pior do que o impacto de menos 2,5% que esperava anteriormente.
Oportunidades de crescimento
A empresa manteve as suas perspectivas inalteradas, afirmando que “continua a ver fortes oportunidades de crescimento”, uma vez que actualmente tem uma baixa quota de mercado nos 213 países onde está presente.
A Inditex foi um dos primeiros retalhistas de moda a aumentar os preços em resposta ao aumento da inflação no início do ano passado. A sua estratégia de preços mais elevada e mais diversificada fora do seu mercado nacional, a Espanha, ajudou-a a registar margens recorde.
Com a inflação a abrandar, os analistas do Bank of America e do Royal Bank of Canada estão a apostar que a Inditex está em melhor posição do que os seus pares para competir, oferecendo preços estáveis e até baixando-os no próximo ano para continuar a crescer globalmente.
A nível mundial, a Inditex reduziu as suas lojas de 5801 para 5745 no segundo trimestre, o que mostra como o retalhista conseguiu aumentar as vendas ao mesmo tempo que reduziu o espaço.
A Zara tem procurado atrair compradores mais ambiciosos, associando a sua marca ao luxo, por oposição à moda rápida. Na semana passada, lançou uma colecção com o célebre fotógrafo de moda Steven Meisel, com uma campanha em que participaram supermodelos como Linda Evangelista.
Desde Julho, a Inditex tem vindo a renovar os dispositivos anti-roubo nas suas lojas, substituindo as etiquetas por chips cosidos nas peças de vestuário das colecções de Outono e Inverno, disse a empresa à Reuters.
A mudança para um sistema de alarme suave tem como objectivo reduzir os tempos de caixa até 50%, embora, por enquanto, apenas um pequeno número de artigos os tenha.