Aos 67 anos, Ángela Molina protagoniza a nova campanha da Zara contra o idadismo

A actriz espanhola assume-se contra as intervenções estéticas e é um dos símbolos dos envelhecimento activo em Espanha.

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A actriz espanhola Ángela Molina tem 67 anos INSTAGRAM/ZARA
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Com os longos cabelos grisalhos soltos e quase sem maquilhagem, a actriz espanhola Ángela Molina protagoniza um momento inédito na história da Zara, do grupo Inditex. Aos 67 anos é o rosto de uma campanha de peças intemporais e minimalistas, para todas idades, claro.

Nas fotografias de Treze Peças, como se intitula a colecção-cápsula da marca espanhola, destacam-se nas peças os tons neutros e a sobriedade. É mesmo Ángela Molina a dar cor à campanha, a par da modelo neerlandesa Rianne Van Rompaey. As duas mostram que a moda é para todas idades, numa campanha que é também um grito contra o idadismo, frequentemente promovido pela indústria.

Mais do que esteticamente atraente, é mesmo um tomar de posição contra a falta de diversidade que o têxtil continua a espelhar, apesar dos contínuos esforços das marcas, sobretudo de luxo. Da Inditex, sendo uma das maiores empresas de moda do mundo, esperava-se uma atitude, que agora surge de forma bastante clara. Este tipo de campanha é também um marcar da declaração de Marta Ortega, presidente da Inditex, que defende que a Zara não faz fast fashion, mas "um modelo de negócio focado na procura do cliente", com foco na qualidade.

A escolha por Molina, que se notabilizou por filmes como Em Carne Viva ou Branca de Neve, não foi igualmente ao acaso. É considerada uma das mulheres mais elegantes de Espanha e precisamente um símbolo do que é envelhecer sem medos. Numa entrevista ao S Moda, em 2012, a actriz explicava o motivo por que nunca se interessou por intervenções estéticas para combater os sinais da idade. “Isso não é beleza. Não me interessa. Gostaria de ver a sua avó com cara de peixe?”, argumentou.

A colecção da Zara surge no seguimento de uma campanha lançada pelo Ministério da Saúde espanhol sobre o idadismo. “O preconceito faz parte da nossa compreensão do próprio envelhecimento, das nossas relações intergeracionais e perpetua concepções estereotipadas do idoso, limitando a nossa compreensão da diversidade que existe na velhice”, nota.

Culpa dessa atitude, declara, sofrem os idosos, mas também a sociedade que não compreende e aceita esta fase da vida. Para isso, o Governo espanhol deixa alguns conselhos, como integrar os idosos na tomada de decisões que os envolvem, entendendo o envelhecimento só como mais uma etapa e aceitando todas as alterações.

Esta atitude contra o idadismo tem sido levada recentemente também para as capas das revistas. Este ano, aos 81 anos, Martha Stewart notabilizou-se ao tornar-se a modelo mais velha de sempre na Sports Illustrated Swimsuit. Mas há quem tenha levado este recorde mais além, como a tatuadora filipina Apo Whang-Od que protagonizou a Vogue Filipinas aos 106 anos.

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