Costa Silva: estagnação económica no segundo trimestre “é uma preocupação”

Ministro da Economia, António Costa Silva, defende contudo que cenário de recessão “não está em cima da mesa”. Paragem na Autoeuropa leva a ronda de reuniões com fabricantes de componentes.

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António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar LUSA/RODRIGO ANTUNES

O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, afirmou esta quarta-feira que o cenário de recessão "não está em cima da mesa", salientando, no entanto, que Portugal não é imune ao que se passa na economia europeia.

"Penso que esse cenário não está em cima da mesa", afirmou o ministro, quando questionado pelos jornalistas se a economia nacional poderia ter uma recessão, depois de registar uma estagnação no segundo trimestre.

António Costa Silva, que falava à margem da sessão de apresentação dos Bairros Comerciais Digitais, no Porto, salientou, contudo, que o país não é alheio ao que se passa no espaço europeu, sobretudo, na economia alemã.

"A Alemanha conseguiu evitar a recessão, tinha dois meses seguidos de crescimento negativo, mas o último foi zero, evitou a recessão do ponto de vista técnico, mas, obviamente que a economia alemã estar com a situação anémica em que está arrasta toda a Europa e essa é uma preocupação porque nós não somos imunes a tudo aquilo que se passa no espaço europeu", acrescentou.

Já quanto à economia nacional, o ministro diz existirem "alguns sinais que são positivos", mas outros preocupantes. "No segundo trimestre, tivemos um crescimento homólogo de 2,3% e compara com o 2.º trimestre de 2022, sendo o ano de 2022 um ano excelente. O crescimento em cadeia foi de 0%, não houve crescimento em cadeia, e nesse sentido é evidente que é uma preocupação, mas acredito que a economia portuguesa pela sua resiliência pode responder aos desafios que temos colocados à nossa frente", disse.

Autoeuropa: "Tenho a crença que a paragem vai ser menor"

Sobre a paragem da Autoeuropa o governante defendeu que vai ser menor do que a anunciada, destacando que o Governo está a trabalhar para minimizar o impacto da paragem no país e nas 30 empresas-satélite.

“Tenho a crença que a paragem vai ser menor do que a que está anunciada e temos de trabalhar todos para minimizar esse risco e minimizar o impacto para o país, sobretudo em termos das nossas exportações”, afirmou o ministro da Economia.

O governante adiantou que o Governo está a “fazer tudo” para minimizar o tempo de paragem da fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela, no distrito de Setúbal, que terá lugar de 11 de Setembro a 12 de Novembro.

Aos jornalistas, António Costa Silva adiantou ainda que vai reunir nos próximos dias com as associações da indústria de componentes e com a administração da Autoeuropa.

“Vamos tentar encontrar soluções e, pelo menos, minimizar os problemas para o futuro”, referiu, dizendo que o Governo está, juntamente com a administração da Autoeuropa, a perceber que componentes estão em falta.

“Hoje não podemos ter cadeias de abastecimento que repousam só num fornecedor e nós temos uma indústria versátil e que produz muitos componentes. Pode ser que aumentemos a resiliência”, considerou.

Questionado sobre o impacto que a paragem na Autoeuropa teria nas empresas que dela dependem, António Costa Silva adiantou que foram já mapeadas 30 empresas-satélite e que dessas, 18 dependem da fábrica de automóveis em menos de 25%.

“Vamos dividir em dois grupos e vamos trabalhar com cada um dos sectores para também minimizar os impactos nas empresas que mais dependem da Autoeuropa. É todo esse trabalho que estamos a fazer”, adiantou.

A empresa revelou na quinta-feira da semana passada que iria haver uma paragem de produção de nove semanas, de 11 de Setembro a 12 de Novembro, devido às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia “severamente afectado” pelas cheias que ocorreram no início do mês de Agosto naquele país.

A administração da fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela anunciou também a intenção de recorrer ao layoff durante a paragem de produção, tendo chegado a um acordo com a Comissão de Trabalhadores sobre as remunerações a pagar nesse período de aplicação do layoff. O acordo permite a manutenção de 95% do salário.