Candidato do partido governamental eleito Presidente de Singapura
Tharman Shanmugaratnam obteve mais de 70% dos votos numas eleições que ocorreram num contexto de irritação do eleitorado com vários escândalos políticos.
Um ex-membro do partido no poder em Singapura obteve uma vitória esmagadora nas eleições para a presidência da cidade-Estado, num voto visto como um barómetro do sentimento público num contexto de desafios económicos e escândalos ao mais alto nível.
O ex-vice-primeiro-ministro Tharman Shanmugaratnam, de 66 anos, alcançou 70,4% dos votos, de acordo com o departamento eleitoral, e vai tornar-se no próximo chefe de Estado de Singapura. O país é uma democracia parlamentar e o primeiro-ministro Lee Hsien Loong é o chefe do Governo.
Os analistas dizem que a vitória sólida do candidato visto como mais próximo do establishment é um sinal de que os eleitores confiam, de uma forma geral, no Partido de Acção Popular (PAP), actualmente no poder.
“Mostra que o PAP é ainda uma marca confiável, desde que o candidato apresentado seja credível. E Tharman é do mais credível que pode haver”, disse o politólogo da Universidade Tecnológica Nanyang, Walid Jumblatt Abdullah.
Tharman é um político popular, tendo obtido várias vitórias em eleições legislativas, incluindo a maior margem de votos numas eleições gerais em 2020, como membro do PAP.
Deixou o partido no início do ano e sublinhou a sua independência ao longo da campanha presidencial.
Considerado geralmente um símbolo de estabilidade e de política limpa, Singapura tem sido abalada por uma série de escândalos nos últimos meses, aumentando a frustração entre eleitores já desgastados pelo custo de vida exorbitante.
Uma rara investigação de corrupção envolvendo um ministro, as demissões de dois deputados do PAP, incluindo o presidente do Parlamento, e uma revolta pública com a revelação de que ministros arrendaram propriedades estatais fizeram as manchetes na pequena cidade-Estado de 5,6 milhões de habitantes.
O papel do Presidente é sobretudo cerimonial em Singapura, embora seja esperado que o cargo possa garantir vigilância ao Governo.
O Presidente tem a chave para as enormes, embora não reveladas, reservas do país, com poder de veto para quaisquer movimentações orçamentais que toquem nessas reservas, embora deva consultar o Conselho Presidencial.
O Presidente também pode vetar a nomeação ou a demissão de dirigentes públicos em posições fundamentais e pode dar ordens ao gabinete anti-corrupção para investigar casos mesmo quando esteja em desacordo com o primeiro-ministro.
Esta foi a terceira eleição presidencial em Singapura desde que em 1991 uma lei deu aos eleitores o direito de escolher, e Tharman será o nono Presidente.
O primeiro-ministro disse, através de um comunicado, que saudou Tharman. “Garanti-lhe a cooperação total do meu governo. Tharman também manifestou a intenção de trabalhar de forma próxima com o governo”, afirmou.