Cecília Meireles diz não “saltar do barco do CDS” e não regressar à política em breve

A ex-governante recusou falar das presidenciais, dizendo que “há temas que interessam muito mais”. Cecília Meireles falou durante o jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD.

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Cecilia Meireles diz que o seu futuro passará apenas pela advocacia nos próximos tempos Guillermo Vidal

A ex-governante Cecília Meireles prometeu esta sexta-feira "não saltar do barco" do CDS-PP num momento difícil, mas rejeitou um regresso a breve prazo à vida política, recusando falar de presidenciais até porque "há temas que interessam muito mais".

A antiga vice-presidente dos democratas-cristãos foi esta sexta-feira a oradora do jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD, no qual vários dos jovens participantes frisaram as saudades que tinham de a ver no parlamento, com um deles a dizer até que "seria muito bem-vinda" entre os sociais-democratas. "Agradeço muito as apalavras, mas o meu partido é o CDS. Não sou daquelas que salto do barco nos momentos de maiores dificuldades", disse.

Quanto ao seu futuro, Cecília Meireles deixou claro que este passará apenas pela advocacia nos próximos tempos. "A vida é feita de ciclos, dediquei-me à política durante quase duas décadas, nesta fase afastei-me da vida parlamentar por decisão minha e por um período mais doloroso de partido. Neste momento, estou de corpo e alma na advocacia, e é lá que ficarei", assegurou.

Questionada se aceitaria ser candidata às próximas europeias pelo CDS-PP ou por outro partido, a antiga deputada nem quis voltar ao tema e, desafiada a elencar mulheres que pudessem ser Presidente da República, também fugiu ao tema. "Já discutiram esse tema de mais e não vou de certeza falar nele, até porque neste momento há temas que interessam muito mais", disse.

Cecília Meireles falou sobretudo sobre a necessidade de Portugal ser mais competitivo a nível fiscal, mas estranhou que "alguns partidos bem mais à direita todos os dias clamem por mais despesa do Estado, menos impostos e menos dívida". "As pessoas têm o direito de esperar não ser enganadas pelos políticos", disse, criticando o que chamou de "vírus orçamental". "É o vírus que a geringonça deixou na política portuguesa, à medida que se coligaram: há uns que enganam e outros que se deixam enganar", criticou.

Em resposta a uma pergunta da plateia, Cecília Meireles deixou outra "farpa" aos antigos parceiros do PS na chamada "geringonça". "O aumento das casas não começou este ano, começou ali mais ou menos em 2016. Se BE e PCP em vez de diabolizarem a lei do arrendamento tivessem olhado para o que se estava a passar na habitação e que era preciso facilitar a construção, não tínhamos agora este problema com a gravidade que temos", disse, desafiando estes partidos a assumirem também as suas responsabilidade.

A 19.ª edição da Universidade de Verão do PSD, iniciativa de formação política de cerca de uma centena de jovens, decorre desde segunda-feira em Castelo de Vide (Portalegre) e será encerrada no domingo pelo presidente do PSD, Luís Montenegro.