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Em cada olhar, uma história. Estes são os melhores retratos do ano
A terceira edição do concurso International Portrait Photographer of the Year revelou os melhores retratos de 2023.
A organização do concurso International Portrait Photographer of the Year (IPPOTY), dedicado à fotografia de retrato, distinguiu, na terceira edição, 101 fotógrafos de vários cantos do globo. Em 2023, a grande vencedora é a iraniana Forough Yavari, fotógrafa de arte e moda residente em Melbourne, Austrália. O retrato que submeteu ao IPPOTY, centrado numa figura feminina singular multiplicada no enquadramento através de manipulação digital, reflecte o seu interesse pelo tema do papel da mulher no mundo. À organização, a fotógrafa conta que a pós-produção é um estágio importante do seu trabalho. "Para mim, é como um toque final que melhora a história ou que lhe confere atmosfera ou elementos que, de outra forma, seriam impossíveis de introduzir num só disparo. Ter uma boa técnica é importante para revelar a minha criatividade."
Dignos de distinção foram os retratos elaborados pelos fotógrafos Frederic Aranda, na categoria "Estudo de Personagem", Raoul Slater, na categoria "Retrato Familiar", Jo Kearney, em "Retrato de Ambiente" e Joseph Smith, em "Melhor História de Retrato". O primeiro, de Aranda, retrata o actor sir Ian McKellen nos bastidores da peça Mother Goose, no Teatro Duke of York, em Londres, Inglaterra. Fotógrafo e actor, que interpretou personagens dos filmes Senhor dos Anéis ou X-Men, são amigos há cerca de seis anos e mantêm uma colaboração regular. "Este retrato foi tirado logo depois de Ian colocar a maquilhagem", conta o fotógrafo que tem mais de 20 anos de carreira à organização do concurso. "Ver alguém transformar-se tão radicalmente ao serviço da sua arte, numa idade tão avançada, deu-me uma alegria particular. O facto de ele não me pedir para retocar o que quer que fosse, nem sequer uma ruga, torna a fotografia ainda mais autêntica."
A fotografia de Raoul Slater, feita com recurso à técnica de colódio húmido, descreve um pai que tenta fazer-se ouvir junto da filha. "Este díptico surgiu de uma sessão de ensaio para outro retrato", pode ler-se no comunicado que a organização dirigiu ao P3. "Pedi a um amigo muito paciente, o Brad Smith, que se sentasse diante da minha câmara para eu testar a química do processo fotográfico." Quando a sua filha Harriet passou, de visita, o fotógrafo australiano aproveitou para retratá-la também. "Foi nessa altura que pensei nesta composição, que é uma espécie de comentário sobre a comunicação entre pais e filhos."
Na categoria de Retrato de Ambiente, a britânica Jo Kearney impressionou o painel de júri com uma fotografia tirada no interior de uma casa, em Havana, Cuba. A jornalista, que trabalhou para a BBC, a Aljazeera e a Associated Press, contou ao IPPOTY que, na capital cubana, ficou impressionada com a beleza dos edifícios coloniais e com o seu "terrível estado de conservação". "Há muitas pessoas que vivem em espaços minúsculos, esquálidos, sobrelotados, e eu quis mostrá-los para revelar a terrível situação económica do país." Gostou particularmente do interior das casas, onde as mobílias ainda reflectem a herança espanhola. "É uma cápsula do tempo", afirma.
Joseph Smith foi o vencedor da "Melhor História de Retrato", com uma fotografia dos irmãos Paul e Alfred Beck. "Depois da morte do seu pai, em 1945, os irmãos assumiram as rédeas do negócio da família quanto tinham 17 e 14 anos, respectivamente", conta Smith à organização do concurso. Dedicaram as suas vidas à gráfica até final de 2021, altura em que Alfred faleceu. "Eu tinha fotografado os irmãos no início desse ano. Posicionei-os entre a maquinaria que tinha sido passada de geração em geração, tentando traduzir em imagem o laço que os uniu durante uma vida."
Os 101 vencedores do concurso partilham um prémio total de 10 mil dólares (cerca de 9250 euros) e têm o seu trabalho publicado num livro editado pela organização.