Fotogaleria
Há 100 anos ir à praia era assim — com mergulhos de touca e camisola
Como se desfrutava das praias há cerca de 100 anos, em Portugal? As fotografias de época reunidas pela Fundação Calouste Gulbenkian descrevem o quotidiano dos banhistas, portugueses e estrangeiros, na viragem dos anos 1920.
Como se desfrutava das praias há cerca de 100 anos, em Portugal? As imagens reunidas pela Fundação Calouste Gulbenkian, disponíveis para consulta no seu arquivo online, descrevem o quotidiano dos banhistas na segunda década do século XX. A selecção fotográfica do P3 diz respeito, sobretudo, à realidade das praias chic do Monte Estoril — nomeadamente nas do Tamariz, Carcavelos, Monte Estoril, Costa do Sol —, que o guia de 1918 As Nossas Praias - Indicações gerais para uso de banhistas e turistas, da Sociedade Propaganda de Portugal, descreve como povoação "bem delineada e bem cuidada", onde os veraneantes poderiam optar por divertir-se no Club Internacional ou no Casino Português.
Saltam à vista nas imagens captadas entre 1927 e 1929 as roupas de banho recatadas, as actividades, jogos e confraternizações à beira-mar, as crianças e as suas laboriosas construções na areia. Mas nem sempre as praias foram locais de lazer. No início de século XX abriu-se uma nova era marcada por uma diferente forma de estar e aproveitar as praias. O artigo A Construção Social da Praia, da investigadora Helena Cristina D. Machado, refere que, no século XIX, "o prazer provocado pelo contacto com a natureza marítima é um 'prazer à distância', limitado ao olhar e ao olfacto". É nesse período que surgem infra-estruturas que possibilitam esse contacto distante entre as pessoas e o mar, "como os passeios, os terraços e os miradouros marginais ao espaço de praia". A praia era, então, encarada como um local terapêutico, de purificação, onde o banho de mar era recomendado, logo cedo pela manhã, evitando o contacto com o sol intenso e calor.
Só mais tarde surge o conceito da "praia lúdica", já no século XX. Essa praia, refere a investigadora, é a praia do prazer, da arte dolce far niente, da exposição e mesmo exibição dos corpos. As roupas de banho foram, assim, progressivamente diminuindo. Pessoas de todas as classes sociais passaram, ainda que com hábitos e locais de frequência distintos, a encarar as praias de norte a sul do país como áreas de lazer.