Montenegro convencido de que Santana Lopes vai regressar “a casa”

Presidente do PSD fez um balanço positivo dos três dias que passou no distrito de Bragança no âmbito da iniciativa “Sentir Portugal”, defendendo que há condições para ter um país mais justo.

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Líder do PSD já tinha revelado na Festa do Pontal que o antigo primeiro-ministro vai regressar ao partido LUSA/PEDRO SARMENTO COSTA

O presidente do PSD, Luís Montenegro, afirmou esta quarta-feira estar convencido de que Pedro Santana Lopes "vai regressar a casa", num partido "coeso e unido", mas não de unanimismos. Em Mogadouro, distrito de Bragança, na última intervenção na região no âmbito da iniciativa "Sentir Portugal", questionado sobre um possível regresso de Pedro Santana Lopes ao PSD, o actual líder do partido disse acreditar nessa possibilidade.

"O doutor Santana Lopes é um histórico do PSD, foi presidente do PSD, foi primeiro-ministro do PSD. E estou convencido de que vai regressar a casa", respondeu Luís Montenegro.

Antes, contextualizou: "Eu já tive ocasião de dizer, o doutor Pedro Santana Lopes hoje é presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz onde, de facto, está a fazer um trabalho que tem a colaboração do PSD. O nosso vereador hoje integra o executivo com funções atribuídas. Foi eleito por um movimento independente e cumprirá o seu mandato com respeito ao mandato que recebeu do povo com essa circunstância."

Luís Montenegro explicou depois esta convicção. "Vai regressar a casa porque este PSD que estamos a construir, de baixo para cima, em todo o território, em todas as terras, com toda a gente, abrindo à sociedade a nossa acção política é um PSD coeso e unido. Não é um PSD de unanimismos. Nós não pensamos todos da mesma maneira. É verdade. Nem nunca vamos pensar. Mas essa é uma riqueza grande do PSD", considerou Montenegro. Na Festa do Pontal, a 14 de Agosto, Montenegro já anunciara que Santana "está a caminho" do partido.

Luís Montenegro disse ser "com base neste sentido de coesão e de unanimidade" que vê que "o caminho nomeadamente do presidente da Câmara da Figueira da Foz há-de vir a encontrá-lo, ou a reencontrá-lo na sua casa, que é o PSD." Questionado pelos jornalistas sobre se o regresso do antigo líder do PSD seria uma mais valia para o partido, Montenegro respondeu: "Com certeza, se não eu não diria isto", rematou o presidente dos sociais-democratas.

Empresas isentas de impostos no interior

O presidente do PSD fez ainda um balanço positivo dos três dias que passou no distrito de Bragança no âmbito da iniciativa "Sentir Portugal", afirmando haver condições para ter um país mais justo, equilibrado e criar oportunidades no interior.

"Apesar de querermos manter um horizonte de esperança para quem reside e trabalha no interior, mas há falhas de compromisso ao longo dos anos por parte dos sucessivos governos, em particular do que está em funções há oito anos, que tem falhado do que diz respeito a criação de emprego e fixação de pessoas", disse Luís Montenegro no decurso de uma visita à Estrutura Residencial para Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Mogadouro.

O líder do PSD disse ainda que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem colocado de lado todo o investimento na área social, sector onde foram criadas expectativas e feitos projectos.

"Não há um tratamento diferenciado que atenda às características dos territórios de interior. O provedor da Misericórdia de Mogadouro deu-me conta de que o apoio que recebe [da Segurança Social] para ter o apoio domiciliário na rua é igual ao que recebe uma instituição com sede no Porto ou em Lisboa e que aqui os percursos são muito maiores havendo a necessidade de percorrer 900 quilómetros por dia para chegar aos utentes", disse.

Por outro lado, Luís Montenegro afirmou que o que mais o preocupa é que os territórios estão cada vez mais despovoados e mais envelhecidos, que precisam de mais actividade económica e mais dinâmica, de emprego e de oportunidades.

"O que nós temos assistido é que nas principais áreas de actividade há um abandono efectivo, como é caso do sector agrícola em levar os projectos por diante, excesso de burocracia, pequenas obras que são necessárias na área do regadio que ficaram por fazer e que limitam fortemente quer a actividade agrícola quer pecuária", apontou, falando também do "pouco ordenamento florestal" que deixa "o território mais exposto aos incêndios rurais ".

Montenegro afiançou ainda que neste território verificam-se alguns bloqueios no sector do turismo provocados por fundamentalismo ambientais.

E considerou que existe demasiada "tecnocracia" nestes territórios do interior, como é o distrito de Bragança. "O Portugal que eu quero tem de ser mais político e menos tecnocrata. A política serve para nós cumprirmos os objectivos da nossa acção e assim pretendo que as regiões tenham as mesmas oportunidades", frisou.

No campo fiscal, Luís Montenegro é da opinião de que não se cobrem impostos às empresas que se instalem no interior, com relevância para aquelas que assumirem o compromisso de criarem empregos durante 15 ou 20 anos. "Fica mais barato cobrar imposto zero do que andar a pagar subsídios para as pessoas se manterem no interior e andar alimentar edifícios e serviços públicos que não estão a ter aproveitamento em relação aos investimentos feitos", indicou.

O líder do PSD considerou ainda que o Estado não garante a coesão territorial e que é preciso uma "discriminação positiva-agressiva" para os territórios de baixa densidade.