Montenegro diz que país vive “asfixia fiscal” e pede a Costa que baixe “já” os impostos

“Há condições para baixar o IRS este ano, 2023. Não é estar à espera do Orçamento do Estado”, defende o líder social-democrata.

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"Sentir Portugal" está a decorrer no distrito de Bragança LUSA/ESTELA SILVA

O presidente do PSD afirmou esta terça-feira que Portugal vive "uma asfixia fiscal" e questionou o primeiro-ministro sobre se está disposto a "baixar já" os impostos ou se vai esperar pelo PowerPoint do Orçamento do Estado.

De visita ao distrito de Bragança, ao abrigo do roteiro Sentir Portugal, falando no concelho de Mirandela, Luís Montenegro defendeu que há condições para um alívio fiscal já e acusou António Costa de ser "o recordista dos impostos em Portugal".

"Portugal tem hoje uma asfixia fiscal sobre as pessoas, sobre as famílias, sobre as empresas, que tem repercussões (...). Nós temos impostos em Portugal que têm que baixar já. O Governo tem hoje um excedente em termos de receita fiscal face aquilo, que já era muito, era um recorde, que estava previsto no Orçamento", afirmou Luís Montenegro.

Segundo defendeu o líder social-democrata, "há condições para baixar os impostos à classe média, há condições para que os jovens até aos 35 anos paguem um terço do IRS que pagam hoje, há condições para que quem seja mais produtivo possa ter o retorno desse desempenho, desse mérito, não pagando impostos nem contribuições sobre os prémios de produtividade".

Luís Montenegro lançou, por isso, um desafio ao primeiro-ministro, António Costa, a quem deixou também acusações: "Vamos aqui ser directos. Há condições para baixar o IRS este ano, 2023. Não é estar à espera do Orçamento do Estado (OE) para vir fazer flores com o PowerPoint do OE, é agora, já, há um excedente este ano. O doutor António Costa tem que responder à pergunta se baixa ou não baixa o IRS este ano".

"O doutor António Costa e o PS querem fazer isso já ou vão esperar pelo PowerPoint do OE para mostrar uma flor para tentar vender ao país coisas que depois não executa", questionou.

Montenegro disse que o "Governo está disponível para baixar impostos há oito anos porque há oito anos que exerce a governação do país".

Mas, salientou: "Uma coisa é a disponibilidade, uma coisa é a conversa, uma coisa são os PowerPoint que se apresentam. Outra coisa é que Portugal bate recordes todos os anos. O recordista de impostos em Portugal tem uma cara, é a de António Costa. O recordista dos impostos em Portugal tem uma sigla partidária, é o PS. O recordista dos impostos é esta forma de termos cada vez mais pessoas a ganhar o salário mínimo ou pouco acima do salário mínimo, nivelar o país por baixo", acusou.

Montenegro lamenta falta de liderança na Agricultura

Mais tarde, Luís Montenegro desafiou o Governo a "olhar para o Portugal profundo", afirmando, em Mirandela, no distrito de Bragança, que "falta liderança ao sector da agricultura".

"A ministra da Agricultura – isto não é uma crítica pessoal, é política – não tem autoridade no sector. Não é respeitada. E, com isso, infelizmente quem sofre são aqueles que, no dia-a-dia, vão investindo o seu esforço, tempo, dedicação, para poder manter vivo aquilo que é essencial para o país", afirmou Luís Montenegro, no final da visita à barragem de Vale de Madeiro, em Mirandela.

O líder do PSD falava aos jornalistas depois de ouvir responsáveis da Associação de Beneficiários do Perímetro de Rega de Vale de Madeiro queixarem-se de uma obra que ficou inacabada, dizem, por falta de entendimento entre a Infra-estruturas de Portugal e a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte.

Segundo o presidente da Associação de Rega de Vale de Madeiro, Emanuel Batista, vão ser devolvidos a Bruxelas mais de 500 mil euros de fundos comunitários, destinados à continuação do perímetro de rega daquela barragem do concelho de Mirandela, que serve 243 utilizadores.

"A obra constava da continuação do perímetro de rega, que estava no primeiro projecto que abrangia a barragem. Com canais, bombas de rega, com contadores, com tudo", começou por explicar Emanuel Batista a Luís Montenegro, contando depois que "a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte construiu o perímetro de rega e agora [a empreitada] ficou bloqueada a extensão para Vila Nova das Patas [Mirandela] com a construção da auto-estrada (A4). E agora [as duas entidades] não se conseguem entender".

Para Luís Montenegro, em causa estão cerca de 500 mil euros de investimento, "dinheiro, ainda por cima, que era de comparticipação da União Europeia que foi perdido, porque estas entidades não se entenderam". "E porque não há liderança. Falta liderança ao sector da agricultura em Portugal", disse aos jornalistas o líder social-democrata. Luís Montenegro lançou, "mais uma vez, o repto ao Governo para que olhe para este Portugal profundo".