BRICS concordam em abrir as portas a novos membros
O acordo sobre a expansão abre caminho para dezenas de nações candidatas, entre elas a Venezuela, o Irão e a Argélia.
Os líderes do grupo dos BRICS, composto pelas principais nações em desenvolvimento – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, concordaram em criar mecanismos para considerar a adesão de novos membros, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros da África do Sul na quarta-feira.
O acordo sobre a expansão abre caminho para dezenas de nações candidatas, interessadas em apresentar os seus argumentos para se juntar ao grupo, que se comprometeu a tornar-se um defensor do Sul Global em desenvolvimento.
A expansão dos BRICS foi o destaque na cimeira que decorre em Joanesburgo, a capital comercial da África do Sul. Embora todos os membros do grupo tenham expressado publicamente apoio ao crescimento do bloco, havia divisões entre os líderes sobre a quantas nações deveriam alargar e a que velocidade.
"Chegámos a acordo sobre a questão da expansão", disse Naledi Pandor na Ubuntu Radio, uma estação gerida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da África do Sul.
"Temos um documento que adoptámos, que estabelece directrizes e princípios, processos para considerar países que desejam tornar-se membros dos BRICS... Isso é muito positivo."
Os países membros têm economias que diferem muito em escala e governos que frequentemente parecem ter poucos objectivos de política externa em comum, o que complica a tomada de decisões baseada no consenso.
A economia da China, por exemplo, é mais de 40 vezes maior do que a da África do Sul, o país mais desenvolvido de África.
Pandor afirmou ainda que os líderes do bloco farão um anúncio mais detalhado sobre a expansão antes do fim da cimeira, que acontece na quinta-feira.
Mais de 40 países manifestaram interesse em juntar-se ao bloco, de acordo com funcionários sul-africanos, e 22 – incluindo o Irão, a Venezuela e a Argélia – pediram formalmente para serem admitidos.
Mundo em turbulência
"O mundo está a passar por mudanças significativas, divisões e reagrupamentos... entrou numa nova fase de turbulência e transformação", disse o Presidente da China, Xi Jinping, que há muito tem defendido a expansão do grupo.
"O desenvolvimento é um direito inalienável de todos os países. Não é um privilégio reservado a alguns", afirmou na cimeira, esta quarta-feira.
Apesar de agrupar cerca de 40% da população mundial e um quarto do PIB global, as ambições do bloco de se tornar um actor político e económico global têm sido frustradas por divisões internas e falta de uma visão coerente.
A Rússia, isolada pelos Estados Unidos e pela Europa devido à sua invasão da Ucrânia, está ansiosa por mostrar às potências ocidentais que ainda tem amigos.
Por outro lado, o Brasil e a Índia têm estabelecido laços mais próximos com o Ocidente. Luiz Inácio Lula da Silva, o Presidente brasileiro, rejeitou na terça-feira a ideia de o bloco querer rivalizar com os EUA e as economias mais ricas do G7.
No entanto, os esforços para expandir o bloco e promover o seu Novo Banco de Desenvolvimento como uma alternativa às instituições multilaterais estabelecidas estão a suscitar alguma preocupação no Ocidente.
Werner Hoyer, o chefe do Banco Europeu de Investimento, alertou, esta quarta-feira, de que corria o risco de perder a confiança do Sul Global, a menos que intensificasse urgentemente os seus próprios esforços de apoio aos países mais pobres.