Socialistas espanhóis dizem que não se oporão a que Feijóo tenha a sua investidura “fake”
Felipe VI recebe esta terça-feira os partidos mais votados para o último dia de consultas para escolher quem formará governo. Nacionalistas bascos pedem que não decida já e deixe os partidos negociar.
Se o rei Felipe VI assim o entender, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) não tem qualquer problema em que seja Alberto Núñez Feijóo o nomeado para tentar formar Governo em Espanha, em consequência da sua vitória nas eleições de 23 de Julho. Negando ter pressionado o monarca para que seja Pedro Sánchez o indigitado (“como o PP faz diariamente”), fontes socialistas, citadas pela Europa Press, ironizam e falam naquilo que será o “terceiro tropeço” de uma investidura “fake”.
No primeiro dia da ronda de audições aos partidos com assentos no Congresso (com excepção dos partidos independentistas que se recusaram participar nas consultas), o monarca espanhol ficou a saber por Yolanda Díaz, líder da plataforma de esquerda Sumar, que esta quer manter o Governo de coligação com o PSOE, mas respeitando, se for essa a decisão, de que seja o líder do Partido Popular o primeiro a tentá-lo. Mesmo considerando que será um “fracasso”, por falta de apoios.
“Perante os factos, o senhor Feijóo está mais só do que nunca”, disse Yolanda Díaz, citada pela Europa Press, "não tem nenhuma possibilidade de formar governo, não tem números, não tem aliados”, e sem eles, está condenado ao “fracasso”, como aconteceu na eleição de Francina Armengol para número 1 do Congresso.
Com os deputados do PP (137) somados aos do Vox (33), juntando os deputados únicos que a União do Povo Navarro e a Coligação Canária têm no Congresso, e que esta segunda-feira, no encontro com o rei, se mostraram disponíveis a acrescentar, Feijóo fica com 172 deputados, a quatro da maioria absoluta.
Foi isso que o Partido Nacionalista Basco (PNV), através do seu porta-voz, Aitor Estebán, explicou ao rei, segundo a imprensa espanhola. Como se recusam a dar o seu aval a um governo de coligação com o Vox (que definiu na rádio Cadena SER como o “orgulhoso herdeiro do regime franquista”), os seus cinco deputados não servem para fazer pender as contas para o lado da direita. Ao mesmo tempo, não se podem contar com eles automaticamente para Sánchez, porque embora o PNV tenha ajudado a formar a maioria absoluta que elegeu a candidata do PSOE para presidente da Mesa do Congresso, ainda é cedo para decidir o sentido de voto.
Aitor Estebán terá mesmo recomendado ao monarca que não escolha já entre Feijóo e Sánchez e dê mais tempo aos partidos para negociar, tendo-se referido à convocatória de consultas aos partidos como “um tanto precipitada”, de acordo com o El País. Até porque a Constituição espanhola não dá nenhum prazo específico ao rei para propor um candidato à presidência do Governo.
Esta terça-feira, Felipe VI recebe as delegações do Vox, PSOE e PP e termina a ronda dos partidos, podendo a partir de aí comunicar a Francina Armengol quem escolhe para formar governo. Feijóo, para mostrar que quer mesmo ser o indigitado, assina no mesmo dia um acordo de governo com a Coligação Canária.