Militar por detrás do golpe no Níger promete transição em três anos

Ex-comandante da Guarda Presidencial nigerina avisou países da África ocidental que, se lançarem um ataque, não terão a “vitória fácil em que algumas pessoas acreditam”.

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Nigerinos apoiantes da junta manifestam-se contra uma intervenção militar estrangeira EPA/ISSIFOU DJIBO
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Milhares de nigerinos manifestaram-se neste domingo em apoio aos militares que tomaram o poder a 26 de Julho no Níger. Horas antes, o general Abdourahamane Tchiani, o ex-comandante da Guarda Presidencial transformado em Presidente interino, garantira querer iniciar um período de transição que não deverá “ultrapassar os três anos – o discurso, na televisão, foi proferido pouco depois de este se ter reunido com a delegação da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) que viajou até Niamey para tentar negociar uma solução para a crise.

Assegurando que o objectivo dos golpistas “não é confiscar o poder”, Tchiani anunciou o lançamento de um diálogo nacional”, um período de 30 dias, para serem lançadas “propostas concretas” sobre “os fundamentos de uma nova via constitucional”.

A visita dos enviados da CEDEAO é uma prova da vontade de mediação da organização, mas seguiu-se a um encontro dos chefes militares dos países membros, em que estes dizem ter definido tudo sobre o uso da força, incluindo o “Dia D” para lançar uma intervenção militar. “Se houver um ataque contra nós, não será a vitória fácil em que algumas pessoas acreditam”, avisou Tchiani, alertando ainda que uma acção externa poderia fazer crescer a ameaça dos grupos islamistas ligados à Al-Qaeda e ao Daesh (o autoproclamado Estado Islâmico).

“Eles parecem ignorar o facto de que é em grande parte graças ao profissionalismo e ao valor das forças de segurança e defesa do Níger que o Níger permanece uma barreira que impede hordas de terroristas de desestabilizarem toda a região”, sublinhou o líder da junta militar na sua intervenção.

O general repetiu ainda as críticas ao que descreve como sanções “ilegais e desumanas” impostas pelo CEDEAO depois do golpe e que bloqueiam algumas importações e têm provocado cortes de electricidade nas maiores cidades.

“Não às sanções”, “Abaixo a França” (antiga potência colonial que ali mantém bases e militares, tal como os Estados Unidos) e “Parem a intervenção militar” foram alguns dos slogans que se ouviram na manifestação de domingo na Praça da Concertação, na capital. Na véspera, milhares de jovens tinham-se reunido na cidade para se oferecerem como voluntários em caso de invasão, respondendo a um apelo dos militares.

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