São precisos 4000 passos diários para reduzir risco de morrer de qualquer causa

A actividade física insuficiente é o quarto maior risco de morte em todo o mundo, sendo responsável por cerca de 3,2 milhões de mortes por ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

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É importante caminhar durante o dia para viver mais saudável ADRIANO MIRANDA/Arquivo
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Caminhar dez mil passos por dia é um objectivo comum, mas há falta de provas científicas de qual é o número ideal para todos. Agora, um novo estudo revela que os benefícios significativos para a saúde podem começar com apenas 4000 passos diários.

Uma equipa de cientistas liderada por Maciej Banach, professor de cardiologia preventiva na Academia Médica de Lodz, na Polónia, analisou 17 estudos que acompanharam mais de 200.000 pessoas durante uma média de pouco mais de sete anos.

A análise mostrou que os benefícios começavam com cerca de 2300 passos por dia, o que estava associado a uma redução significativa do risco de morte por doença cardiovascular. Com cerca de 4000 passos, o risco de morrer por qualquer causa também começou a diminuir significativamente. Ambos os valores, que representam medianas, estão abaixo do limite de 5000 passos para o que o estudo observa ser normalmente considerado um estilo de vida sedentário.

Mas houve benefícios para além destes números: Cada 1000 passos extra foram associados a uma redução de 15% no risco de morte por qualquer causa, enquanto um aumento de 500 passos por dia foi associado a uma redução de 7% no risco de morte por doença cardiovascular.

Numa entrevista por telefone, o principal autor do estudo disse que estas conclusões não pretendem minar aqueles que têm 10.000 passos como objectivo diário, mas sim oferecer esperança às pessoas que estão a lutar para atingir esse número.

"É uma mensagem muito importante, porque tive muitos doentes que ficaram simplesmente desanimados", recorda o médico, fazendo referência à proposta de caminharem entre 7000 e 10.000 passos por dia.

Os resultados foram publicados na quarta-feira no European Journal of Preventive Cardiology, e revisto por pares.

A actividade física insuficiente é o quarto maior risco de morte em todo o mundo, sendo responsável por cerca de 3,2 milhões de mortes por ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, que mede os requisitos de exercício por tempo e intensidade em vez de passos. Um estudo realizado no ano passado concluiu que os níveis globais de actividade física — já inferiores a 10.000 passos por dia, em média, em todo o mundo — tinham diminuído após o surto de covid-19 e não tinham regressado aos níveis pré-pandémicos até Fevereiro de 2022.

O conselho de caminhar 10.000 passos todos os dias não foi originalmente dado por dados científicos, mas sim por uma manobra de marketing japonesa que utilizava um nome que se traduzia vagamente como "medidor de 10.000 passos" para vender pedómetros.

Mas as directrizes dos EUA sobre actividade física referem que as pessoas ainda podem escolher objectivos como caminhar 10.000 passos como forma de cumprir os seus requisitos de exercício.

Banach sublinha que as conclusões da revisão não pretendem encorajar as pessoas a reduzir a sua contagem diária de passos, mas sim a atingir o máximo possível — com os benefícios mais notáveis encontrados entre 7000 e 13.000 passos por dia para pessoas com menos de 60 anos e entre 6000 e 10.000 passos para adultos mais velhos, de acordo com os resultados.

"Verificámos que, para os adultos mais jovens, esta redução esperada da mortalidade era mais elevada, chegando mesmo a atingir os 50%", afirmou.

As razões para este facto resultam provavelmente de uma fórmula utilizada noutras áreas da medicina de "quanto mais cedo, melhor" e "quanto mais tempo no alvo, melhor", aponta Banach. Aqueles que seguem as orientações médicas sobre exercício e dieta numa idade mais jovem têm mais probabilidades de estar dentro dos limites saudáveis de colesterol e pressão sanguínea, pelo que "podemos esperar benefícios significativamente maiores para a saúde".

"Assim, devemos não só lembrar-nos de praticar actividades físicas regulares, mas também de começar o mais cedo possível", afirmou.

O estudo determinou que os benefícios se aplicam a diferentes países e géneros. Banach diz que estão planeados outros estudos para analisar o papel do exercício muito intenso, como as maratonas ou as corridas de iron man, bem como o impacto de diferentes contagens de passos em doenças específicas, como o cancro ou os acidentes vasculares cerebrais.

Mas as principais conclusões sobre os benefícios de dar passos extra todos os dias são claras: "Quanto mais, melhor", conclui.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong

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