Exportações caem em Junho pelo terceiro mês consecutivo

Quebra nos combustíveis e lubrificantes arrasta resultado global para variações negativas. No resto dos produtos, o desempenho é positivo. Vendas para EUA afundaram-se 37,4% no trimestre.

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Vendas de combustíveis e lubrificantes penalizam exportações Daniel Rocha (arquivo)
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As vendas de bens de Portugal ao exterior caíram em Junho pelo terceiro mês consecutivo, registando uma variação homóloga de -3,4%, divulgou esta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A quebra de 290 milhões de euros nas receitas das exportações face a Junho de 2022 deve-se sobretudo ao recuo em 41% nas vendas de combustíveis e lubrificantes, porque no resto dos bens exportados em Junho a receita até subiu 1,1% em termos homólogos.

O preço de combustíveis e lubrificantes foi globalmente mais baixo no passado mês de Junho do que no mesmo mês de 2022. Nos produtos primários, a receita até duplicou de 18 milhões para 36 milhões de euros, mas nos produtos transformados há um recuo de 326 milhões de euros. É uma descida de 44,4%, dos 735 milhões em Junho de 2022 para 408 milhões em Junho de 2022.

O INE frisa que há um “efeito de base nos combustíveis e lubrificantes”. Isto porque “em Junho de 2022 se tinham registado aumentos significativos nas transacções destes produtos, antevendo a escassez e subida de preços perspectivadas pelo conflito na Ucrânia”.

Neste cenário, os índices de valor unitário (preços) caíram 4,8% nas exportações, mantendo a tendência negativa que já vem de trás, e que em Maio se traduzira numa quebra de 6,5%.

Entre os cinco principais clientes de Portugal (Espanha, França, Alemanha, EUA e Reino Unido), apenas a França tem taxas positivas de variação homóloga mensal e trimestral (7,5% e 7,3%, respectivamente).

A quebra mais expressiva é nas trocas comerciais com os EUA, com uma quebra mensal de 24,3% em Junho (menos 119 milhões de euros) e um recuo trimestral de 37,4% (menos 646 milhões de euros).

Graças a quebras mais expressivas nas importações, o país viu cair, no entanto, o seu défice da balança comercial, que no final de Junho se contabilizava em 2122 milhões de euros. Face a Junho de 2022, é uma descida de 496 milhões de euros.

Este resultado explica-se por um recuo de 7,6% nas importações, que desceram, assim, a um ritmo mais expressivo do que as exportações. Mais uma vez, os combustíveis e lubrificantes têm influência decisiva neste resultado, porque, excluindo essa categoria de produtos, temos um aumento em Junho de 2,7% nas importações.

Também a evolução da balança comercial inverte o sentido de positivo para negativo, se excluirmos combustíveis e lubrificantes, com um agravamento de 136 milhões, para os 1522 milhões de euros.

Com os resultados de Junho, encerram-se as contas do segundo trimestre, em que exportações e importações de bens diminuíram numa base homóloga 4,9% e 6,1%, respectivamente. No primeiro trimestre deste ano, as exportações de bens tinham aumentado 3,3% e as importações apenas 0,8%.

Também se obtém o retrato do primeiro semestre de 2023, e, quando se olha para a distribuição das exportações por grupos de produtos, é notório que os dois mais importantes (Máquinas e Aparelhos; Veículos e Outro Material de Transporte) reforçaram ainda mais a sua quota entre Janeiro e Junho. Valem 9431,1 milhões e 6773 milhões de euros, respectivamente, aumentando o seu peso na exportação portuguesa de 16,3% e 10% para 17,6% e 12,6%.

Revisão de 2022

A terminar a nota desta quarta-feira, o INE divulga o resultado definitivo do comércio externo em 2022. Há uma revisão em alta de 0,3 pontos percentuais quer nas exportações, quer nas importações, face aos resultados preliminares que tinham sido divulgados em Junho. Assim, as exportações de bens cresceram 23,2% em 2022 e as importações subiram 31,7%.

Tal como o PÚBLICO noticiou em Junho, o ano de 2022 foi marcado por recordes, devido a factores como a alta de preços energéticos e alimentares. Tanto as exportações como as importações bateram máximos, agora revistos: vendas para fora deram um resultado de 78.403 milhões de euros (mais 195 milhões do que o indicado no resultado provisório); e as importações custaram 109.486 milhões (mais 242 milhões do que a estimativa inicial).

Com isso, o défice da balança comercial agravou-se em 47 milhões face aos resultados provisórios, atingindo 31.083 milhões.

De acordo com o INE, o valor do défice correspondeu a -13% do PIB em 2022, “a sexta proporção mais negativa” entre os países da UE. Malta teve a pior performance e a Alemanha o maior excedente.

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