Os líderes de oito países amazónicos reunidos em Belém, no estado brasileiro do Pará, chegaram a acordo na terça-feira à noite sobre uma lista de políticas e de medidas para impulsionar a cooperação regional em matéria ambiental, mas não conseguiram alcançar um compromisso comum sobre metas para o fim do desmatamento na Amazónia.
Lula da Silva, Presidente do Brasil e anfitrião da Cimeira da Amazónia, tem feito campanha por um acordo internacional para acabar com o desmatamento até 2030, para não foi capaz de convencer os chefes dos governos latino-americanos presentes no evento.
Na declaração final conjunta divulgada no final da cimeira, os países comprometeram-se a combater a desflorestação e a proteger o “pulmão do mundo”, mas mediante medidas e metas de âmbito nacional, que servirão de sustento à acção da recém-criada Aliança Amazónica de Combate ao Desmatamento.
A falta de um acordo mais ambicioso para o estabelecimento de metas comuns sobre o desmatamento é mais um sinal das dificuldades, a nível global, para se empreenderem acções conjuntas na luta contra as alterações climáticas.
Cientistas e activistas ambientais continuam a argumentar que os governos estão a agir demasiado lentamente para evitar o aquecimento global e outras consequências da crise climática.
“O planeta está a derreter, estamos a bater recordes de temperaturas todos os dias. Não é possível que, num cenário como este, oito países amazónicos não consigam colocar numa declaração, em letras garrafais, que o desmatamento precisa ser zero e que explorar petróleo no meio da floresta não é uma boa ideia. Em resumo, o documento pecou pela falta de contundência”, lamentou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, citado pela Folha de S. Paulo.
“A declaração final da Cimeira da Amazónia é decepcionante em vários aspectos, mas principalmente pelo facto de não incluir compromissos claros e concretos que apontem para a superação da relação que os nossos países têm hoje com a Amazónia”, acrescenta Leandro Ramos, director de programas da Greenpeace Brasil.
Para além de Lula, a cimeira contou com os Presidentes da Bolívia, da Colômbia e do Peru e com responsáveis políticos do Equador, da Guiana, do Suriname e da Venezuela.