Reprivatização da Efacec continua a derrapar com adiamento da AG dos obrigacionistas
Assembleia-geral marcada para 7 de Agosto acaba de ser adiada para 12 de Setembro, na primeira convocatória, ou para 29 de Setembro, na segunda.
A Efacec, que se encontra em fase final de privatização, pediu o adiamento da assembleia-geral (AG) de obrigacionistas que deverá votar um perdão de 50% no valor da emissão. A data inicial da AG era 7 de Agosto, em primeira convocatória, passando agora para 12 de Setembro. No caso de não se verificar o quórum legalmente necessário, a reunião magna dos obrigacionistas apenas acontecerá a 29 de Setembro.
O adiamento da AG vem atrasar ainda mais a privatização da empresa, a realizar através da venda ao fundo Mutares, um processo que o ministro da Economia, António Costa Silva, chegou a ter esperança de ver concluído até Julho.
Em comunicado divulgado pela empresa é referido que “o presente adiamento da assembleia de obrigacionistas tem por fundamento o facto de ter sido disponibilizado pela emitente, por sugestão de obrigacionistas, um documento complementar de apoio ao Consent Solicitation Memorandum no dia 21 de Julho de 2023 (Documento Complementar)”.
“Dada a natureza das matérias sujeitas a votação pela assembleia de obrigacionistas e a necessidade de conferir aos senhores obrigacionistas tempo adicional para a análise detalhada do conteúdo do Documento Complementar, afigura-se como necessário, pela emitente, adiar a data de realização da assembleia de obrigacionistas”, refere ainda o comunicado.
Em causa está um empréstimo obrigacionista no montante de 58 milhões de euros, emitido pela Efacec em 2019, pelo prazo de cinco anos (2024). A emissão particular foi realizada em Espanha e colocada maioritariamente em investidores institucionais deste país, sendo o restante de investidores institucionais portugueses.
Para além dos obrigacionistas, também os bancos credores terão de "perdoar" parte dos empréstimos que, nos últimos anos, concederam à empresa.
A nacionalização de 71,73% do capital da Efacec, detidos pela empresária Isabel do Santos, ocorreu no Verão de 2020, tendo-se iniciado a partir de então o processo de venda ou reprivatização da empresa.
Depois da desistência do grupo português DST, já na recta final do primeiro concurso para a reprivatização, o Governo acabou por lançar um segundo concurso, tendo sido seleccionado, em Junho, o fundo de investimento Mutares, especializado na aquisição de empresas em dificuldades. A empresa alemã derrotou dois candidatos nacionais, a Visabeira e a Sodecia.
Nos últimos três anos, o Estado tem feito injecções regulares de dinheiro na empresa, essencialmente para pagar salários aos cerca de dois mil trabalhadores, encontrando-se praticamente em gestão corrente.
De acordo com declarações do Ministro da Economia em Junho, o Estado já injectou directamente 132 milhões de euros na Efacec, além dos 85 milhões de euros em garantias, o que perfaz um total de 217 milhões de euros.
Devido em parte aos constrangimentos financeiros, a Efacec tem acumulado prejuízos elevados (52,8 milhões de euros em 2022 e 183,9 milhões de euros em 2021). E de acordo coma informação divulgada pela empresa, o capital próprio era, no final do ano passado, negativo em 52,1 milhões de euros. Ou seja, encontra-se em falência técnica.
Fortemente exportadora, com presença e mais de 60 países, a Efacec tem sido uma referência na área dos transformadores eléctricos, automação, mobilidade eléctrica, transportes e ambiente.