Da creche à vida adulta: três histórias para celebrar o Dia da Amizade

Como se conheceram, por que razão se consideram melhores amigos e o que fazem para cultivar a amizade. Da creche à vida adulta ou da faculdade ao trabalho, estas histórias celebram os melhores amigos.

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Três histórias para celebrar a amizade juan mendez/Pexels
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Joana e Nuno conheceram-se na creche, mas a amizade de infância havia de prolongar-se até a vida adulta. Maria da Graça fez uma nova amizade aos 24 anos e cultivou-a até hoje, aos 62. A Biblioteca Nacional, em Lisboa, foi o ponto de encontro de Catarina e Sofia, cujos laços começaram a criar-se por motivações académicas, mas rapidamente se estenderam à vida pessoal.

As três histórias que chegaram ao P3 depois de uma chamada aberta são completamente diferentes. Em comum têm a vontade de preservar uma amizade ao longo do tempo e, à boleia do Dia Internacional da Amizade, quisemos celebrá-la.

Como se conheceram, por que razões se consideram melhores amigos e o que fazem para cultivar a amizade foram algumas das questões que colocamos. Tudo para perceber o que une as pessoas, como é que estas histórias podem ajudar outros grupos de amigos e, acima de tudo, para celebrar a amizade, independentemente dos contornos que a caracteriza.

Como pode começar uma amizade

Uma amizade pode surgir em qualquer altura. Na infância, por exemplo, cruzamo-nos com muitas outras crianças na creche e na escola, mais tarde, passamos mais tempo na universidade e também aí se criam laços. Na vida adulta, as oito horas diárias no trabalho também podem proporcionar amizades, assim como uma ida à esplanada num dia de sol.

No caso de Joana Santos, 29 anos, foi na creche que conheceu aquele que hoje considera ser o seu melhor amigo porque “ele não só conhece todas as minhas histórias, como as viveu comigo”, conta em entrevista ao P3.

Depois da creche, foram para escolas diferentes, mas continuaram próximos. Voltaram a replicar a convivência diária da infância mais tarde, partilhando casa em Lisboa. Uma amizade que começou por ser circunstancial, já que ambos estavam no mesmo contexto, transformou-se numa relação próxima para toda a vida.

Joana e Nuno conhecem-se desde a infância DR
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Joana e Nuno conhecem-se desde a infância DR

A amizade de Maria da Graça, 62 anos, com uma das suas amigas mais próximas começou de uma forma diferente. Conheceram-se através da cunhada de uma colega de liceu, começaram a conviver com mais frequência e os laços foram-se estreitando. Quase 40 anos depois, continuam melhores amigas.

Entre as estantes da Biblioteca Nacional também podem nascer amizades. Foi o que aconteceu com Catarina Monteiro, 29 anos, quando estava a escrever a tese de mestrado e se cruzou com Sofia, investigadora e professora universitária. A vida académica foi o ponto de partida, mas cinco anos depois, a relação vai além dessa parte das suas vidas.

Melhores amigos, o que quer isto dizer?

“Os melhores amigos estão lá para dar apoio incondicional”. É assim que Catarina Monteiro começa por desconstruir o conceito de “melhores amigos”. Para a estudante de doutoramento, estas pessoas “já nos conhecem tão bem que já sabem de que forma lidar connosco” em todas as situações, nos bons e nos maus momentos, “sem julgamentos, tentativas de desvios da situação ou outras formas de evitar o problema”.

Para Maria da Graça, o que distingue os amigos dos melhores amigos é o nível de intimidade. “Normalmente aos amigos não digo tanta coisa. Com os grandes amigos desabafo e partilha momentos mais íntimos”.

Como cultivar uma amizade ao longo do tempo

Embora com características diferentes, as três histórias que chegaram ao P3 têm um ponto em comum: defendem que a comunicação é a chave para cultivar a amizade ao longo do tempo. Isto significa falar frequentemente, mas também de forma aberta: dizer o que se sente, explicar quando algo não está bem e mostrar disponibilidade para ouvir o outro.

Ao longo de quase 40 anos de amizade, Maria da Graça e Maria do Rosário nunca se chatearam. Em entrevista ao P3, a professora reformada explica que o segredo é “dizer a verdade”. “Quando as pessoas são claras e esclarecem possíveis desentendimentos”, a comunicação torna-se mais fácil. Parece haver um pacto implícito entre as duas que define que “quando ela tem dúvidas, pergunta antes de se aborrecer”.

Para a designer Joana, a proximidade, além da comunicação, é outro ingrediente chave. Agora que já não vivem juntos, “é lógico que há sempre um relatório semanal, muitas chamadas e trocas de mensagens” para substituir a proximidade física. As conversas pelo Whatsapp complementam-se com encontros sempre que possível: “tentamos encontrar-nos sempre quando vamos a casa”, diz, referindo-se à terra natal de ambos, Santa Comba Dão, e “fazemos férias em conjunto” no Verão.

Entre as características que mais gostam no outro, destacam-se a empatia, a sinceridade, a serenidade, o ser-se grato e a independência, isto é, o existir além do outro. Assim se constroem amizades “para sempre”.

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