Já há vindimas a decorrer no Algarve. Região prevê aumento da produção de 8%

No Algarve já se colhem uvas desde meados do mês. Já vai sendo hábito a região começar a colher algumas uvas brancas no final de Julho, mas arrancar a campanha a meio do mês é inédito.

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Em 2022, a vindima no Algarve começou nos últimos dias de Julho, neste ano arrancou a meio do mês Duarte Drago
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"Começámos esta semana [17 a 21 de Julho]. Temos dois produtores do Sotavento que já começaram a vindima. A temperatura fez com que o ciclo vegetativo da videira e a maturação da uva se adiantassem. Começaram com algumas castas brancas, não todas", explicou ao Terroir a presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve. Segundo Sara Silva, não é assim tão estranho a campanha arrancar em Julho — "em 2022, começámos ali pelo 27 e 28 de Julho, e era uva para espumante —, mas a meio do mês será algo inédito.

Apesar de a "chuva irregular" que caiu no início do ano não ter chegado às raízes das videiras e de o Algarve estar com "temperaturas acima dos 35 graus desde o final de Junho", a região prevê um aumento de produção de 8%, um valor médio a que chegou a CVA, que, como sublinha Sara Silva, é sempre uma previsão. "A vinha está num bom estado vegetativo" e, salvo alguma contrariedade nesta recta final, "prevê-se uma campanha com boa qualidade". "Feitas as contas", entre vinhas novas (plantadas em 2020 e 2021) já em produção e vinhas mais antigas, "a maioria dos produtores diz que aumentará a produção", refere a responsável. "Alguns, entre 5% e 20%, mas a média que apontamos para a região é de 8%."

Presente em sete regiões vitivinícolas, a Casa Santos Lima é um dos produtores que já começaram a vindimar a sul. Com 50 hectares de vinhas no concelho de Tavira, a empresa começou a fazer controlos de maturação a 3 de Julho porque percebeu logo no abrolhamento, que este ano ocorreu uns 15 dias mais cedo, que teria de antecipar a vindima — a décima da sua operação no Algarve — das castas brancas mais precoces. Apesar da "surpresa", as equipas estavam a postos e começaram a vindimar no passado dia 18 o Sauvignon Blanc e o Viosinho.

Este produtor até faz espumantes — com a variedade branca Arinto, "este ano manifestamente atrasada", e com a versátil casta tinta Negra Mole —, mas as uvas que já apanhou são para vinhos brancos. E, a esse propósito, é preciso dizer que não foi só o ano vitícola a ditar a antecipação da vindima, como explica o administrador e responsável pela área de enologia da Casa Santos Lima.

"Vindimamos sempre um bocadinho mais tarde, é verdade, tipicamente na última semana de Julho. Mas os vinhos também vinham com um álcool um bocadinho mais alto, e nós agora, por uma questão de perfil de vinho, tentamos apanhar mais cedo essas uvas para produzir vinhos mais frescos", partilha Vasco Martins. O consumo tende a optar cada vez mais por vinhos menos alcoólicos, mais leves. Em Portugal, como lá fora. E colhendo mais cedo, o produtor garante que tem menos grau, além de, no caso da Casa Santos Lima, garantir as "acidezes que estavam num ponto óptimo". A vindima seguirá em modo "pára-arranca" até finais de Setembro, como é de resto habitual numa região em que as vinhas estão muito dispersas pelo território.

Nos últimos anos, o Algarve tem vindo a aumentar a sua produção de vinho, em grande medida por haver novos agentes económicos, alguns a operar já noutros terroirs, e consequentemente cada vez há mais área de vinha. Com uma área total de vinha de 1400 hectares, o Algarve foi uma das regiões a quem, em proporção, foram atribuídos mais direitos de plantação na última atribuição, conhecida em Junho (Portugal está a distribuir por ano 2000 novos hectares de área de vinha): 115 hectares de vinha nova, que tem de ser plantada nos próximos três anos, caso contrário caem as autorizações.

Em concreto, na região mais a sul de Portugal continental, e olhando aos últimos anos, houve apenas quebra de produção em 2020, não porque as videiras não estivessem bem, mas por causa da pandemia: com as adegas cheias de vinho, e um horizonte incerto, vários produtores optaram por não apanhar as uvas todas. Situação diferente da actual, em que "o normal é chegar a Setembro com tudo o que é vinhos brancos, rosés e tintos de Negra Mole [últimas colheitas e/ou lançamentos] vendido", conta Sara Silva.

Nas outras regiões vitivinícolas ouvidas pelo Terroir também se prevêem aumentos de produção neste ano. Nos Açores, antecipa-se uma "recuperação considerável", uma variação positiva de 250%, para sermos exactos. Entre as regiões que já têm previsões nesta altura, a excepção poderá vir a ser a Madeira, que prevê uma redução de 1% nesta vindima.

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