Gomes Cravinho prolongou contrato para manutenção de helicópteros sem visto do TdC

Despesa autorizada pelo ex-ministro da Defesa diz respeito à manutenção dos helicópteros EH-101, processo para o qual Capitão Ferreira recebeu 61,5 mil euros por uma assessoria de cinco dias.

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João Gomes Cravinho LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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João Gomes Cravinho fez um despacho para autorizar despesa até 3,25 milhões de euros para prolongar por mais três meses a manutenção dos helicópteros EH-101 sem ter o visto prévio do Tribunal de Contas (TdC), noticia esta sexta-feira o Expresso.

De acordo com o semanário, o contrato de manutenção com a empresa Leonard terminara a 31 de Dezembro de 2018, pelo que o contrato vigorou até 31 de Março do ano seguinte. Terá sido a Leonard a alertar a Força Aérea para o fim do contrato. Pressionado, Gomes Cravinho terá ainda aprovado a constituição de uma equipa com o propósito de renegociar o contrato de manutenção geral dos 12 helicópteros EH-101.

Ainda segundo o Expresso, a manutenção daqueles equipamentos, que continuou a ser assegurada pela empresa fabricante sem que houvesse luz verde do TdC nem um novo contrato, está relacionada com Marco Capitão Ferreira. Recorde-se que o ex-secretário de Estado da Defesa foi entretanto constituído arguido por corrupção e participação económica em negócio, na medida em que havia sido precisamente para assessorar a renegociação daquele contrato que o antigo governante recebeu 61,5 mil euros por um serviço prestado em somente cinco dias.

Além de que a Polícia Judiciária não encontrou provas de que Capitão Ferreira prestou efectivamente tal serviço de assessoria. O antigo líder da holding das empresas do sector da Defesa – IdD Portugal Defence – demitiu-se na passada sexta-feira do cargo de secretário de Estado.

Na última quarta-feira, a comissão de Defesa da Assembleia da República aprovou por unanimidade a audição conjunta da ministra da actual Defesa Nacional, Helena Carreiras, e do seu antecessor Gomes Cravinho, que é agora ministro dos Negócios Estrangeiros.

Os deputados querem ouvir explicações acerca dos “factos vindos a público” no sector da Defesa, o caso em torno de Capitão Ferreira. Pese embora não tenha ainda sido definida uma data para essa audição, a mesma deverá acontecer até quarta-feira da próxima semana.

Também na passada quarta-feira, Helena Carreiras pediu ao TdC que realize uma auditoria financeira à IdD Portugal Defence, já depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dito ser favorável a que a gestão das indústrias de Defesa fosse auditada, e de o PSD ter apresentado um requerimento nesse sentido.

Para esta semana estava prevista a audição de Marco Capitão Ferreira – agendada ainda antes da sua demissão do Governo e de ter sido constituído arguido –, porém o docente universitário cancelou, na véspera, a sua ida ao Parlamento considerando ser na Justiça que deve prestar esclarecimentos.

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