Rússia ameaça usar bombas de fragmentação em resposta a envio dos EUA
Ministro da Defesa russo avisa que as bombas de fragmentação russas são “muito mais eficazes do que as americanas”, uma afirmação desmentida pelos EUA.
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O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, disse nesta terça-feira que o Exército russo admite usar bombas de fragmentação contra a Ucrânia se as forças ucranianas receberem esse tipo de armamento dos Estados Unidos.
Na semana passada, a Administração Biden anunciou que vai ceder ao Exército da Ucrânia bombas de fragmentação, um tipo de armamento cujo uso foi banido em mais de 100 países, incluindo no Reino Unido e no Japão.
"Se os Estados Unidos enviarem bombas de fragmentação para a Ucrânia, as Forças Armadas russas serão obrigadas a usar armas semelhantes contra as forças armadas ucranianas", disse Shoigu, citado pela agência Reuters.
As bombas de fragmentação consistem em munições que se desfazem no ar e libertam centenas de submunições explosivas, ou bombas mais pequenas, numa área mais vasta, equivalente a vários campos de futebol.
Estas munições podem ser lançadas a partir de aviões ou de peças de artilharia, ou através de mísseis, de acordo com o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), uma das organizações que defende a sua abolição.
Numa reacção ao anúncio norte-americano, o ministro da Defesa russo disse que a Rússia tem bombas de fragmentação no seu arsenal, mas afirmou que elas não foram usadas até agora na "operação militar especial" na Ucrânia — a designação russa para a invasão da Ucrânia lançada em Fevereiro de 2022.
Os EUA acusam a Rússia de já ter usado bombas de fragmentação na Ucrânia, e a organização humanitária Human Rights Watch afirma que esse tipo de armamento foi usado pelos dois lados.
Na mesma declaração, nesta terça-feira, o ministro da Defesa da Rússia disse que as bombas de fragmentação russas "são muito mais eficazes do que as americanas", uma afirmação desmentida pelos EUA.
Segundo a Casa Branca, as bombas de fragmentação russas têm uma taxa de insucesso de até 40%, contra um máximo de 2,35% das bombas norte-americanas. Como resultado, segundo os EUA, uma grande quantidade de munições russas ficam espalhadas por território ucraniano, em risco de explodir a qualquer momento.
Nenhum dos três países em causa — os EUA, a Rússia e a Ucrânia — é signatário da convenção contra o uso de bombas de fragmentação.
O envio deste tipo de armamento para a Ucrânia foi criticado por aliados dos EUA, com destaque para o Reino Unido, o Canadá e a Alemanha.