No Vermont, a chuva parou mas o pior das cheias pode ainda não ter passado

Governador do Vermont fala em danos “históricos e catastróficos” naquele estado do Nordeste dos EUA. Nível de água em barragem próxima da capital preocupa autoridades.

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O centro de Montpelier, capital estadual do Vermont, sob o efeito das cheias dos últimos dias Reuters/BRIAN SNYDER
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O centro de Montpelier, capital estadual do Vermont, sob o efeito das cheias dos últimos dias EPA/CJ GUNTHER
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O centro de Montpelier, capital estadual do Vermont, sob o efeito das cheias dos últimos dias Reuters/BRIAN SNYDER
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O centro de Montpelier, capital estadual do Vermont, sob o efeito das cheias dos últimos dias Reuters/BRIAN SNYDER
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Montpelier, a capital do estado norte-americano do Vermont, continuava esta terça-feira debaixo de água depois de as chuvas torrenciais dos últimos dias terem feito o rio Winooski transbordar, e o receio era de que a situação ainda pudesse piorar. Apesar de a chuva ter dado tréguas nas últimas horas, as atenções das autoridades viram-se para a barragem de Wrightsville, muito perto da sua capacidade máxima, e para as previsões de regresso do mau tempo já na quinta-feira.

"Ainda não estamos a salvo", declarou o governador Phil Scott, numa conferência de imprensa esta tarde, alertando que "apesar de o sol brilhar hoje e amanhã, espera-se mais chuva no final da semana que não tem para onde ir com os solos saturados".

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A albufeira de Wrightsville, muito próxima da sua capacidade máxima, preocupa as autoridades de Montpelier, capital do Vermont

Desde domingo, registaram-se mais de 200 milímetros de precipitação por metro quadrado em várias zonas do Vermont, valores equivalentes a vários meses de chuva.

"As águas continuam a subir em alguns locais como a nossa capital, e já passaram os níveis vistos durante a tempestade tropical Irene", acrescentou Scott. O governador republicano referia-se aos restos do furacão que em 2011 atingiu a região da Nova Inglaterra, matando sete pessoas e arrasando cidades.

Não há vítimas na sequência de uma das maiores tempestades a atingir este estado do Nordeste dos Estados Unidos, comparada já às grandes cheias de 1927, mas os danos materiais são "históricos e catastróficos", considerou o governador do Vermont, que esta terça-feira teve de se deslocar a pé entre a sua residência e o centro de operações, através de trilhos florestais, devido às estradas intransitáveis.

Para além de Montpelier, cidades como Barre e Waterbury continuam alagadas e outras permanecem inacessíveis, devido à agua e aos deslizamentos de terra que bloquearam inúmeras estradas. Centenas de pessoas passaram a noite de segunda para terça-feira nos seus veículos na auto-estrada I-89, artéria vital que atravessa o Vermont, surpreendidas pelo temporal. Cerca de cem habitantes de várias localidades foram retirados de barco das suas casas. Em zonas mais rurais e remotas deste estado montanhoso, os danos ainda estão por contabilizar na sua totalidade.

A partir da Lituânia, onde se encontra para a cimeira da NATO, o Presidente norte-americano, Joe Biden, aprovou uma declaração de emergência para o Vermont, de modo a agilizar o envio de ajuda federal para o pequeno estado do Nordeste. No domingo, o governador Phil Scott já tinha declarado o estado de emergência para mobilizar todos os meios estaduais para responder à catástrofe.

No vizinho estado de Nova Iorque, as autoridades também fazem contas aos estragos. Ali, a intempérie fez uma vítima mortal perto da academia militar de West Point, no condado de Orange - uma mulher que tentava fugir de casa com o cão ao colo, e que foi arrastada pelas águas. A norte, na província canadiana do Quebeque, as chuvas levaram à retirada de cerca de 500 pessoas das suas casas.

As chuvas torrenciais dos últimos dias seguem-se a meses de temperaturas invulgarmente elevadas no Nordeste dos Estados Unidos, que não é a única região americana a enfrentar fenómenos meteorológicos extremos por estes dias. O Texas está há mais de uma semana sob temperaturas a rondar os 40ºC, e as previsões apontam para valores próximos dos 50ºC no final da semana em algumas zonas da Califórnia. Entretanto, na Florida, a temperatura do mar à superfície atinge extraordinários 32ºC.

Apesar de cada evento meteorológico não poder ser associado, de forma isolada, às alterações climáticas, o aumento da frequência e da intensidade dos fenómenos extremos tem sido atribuído pela comunidade científica às mudanças dos padrões climáticos, por sua vez associadas às emissões de gases de efeito estufa.