PCP diz que afirmações de Adão e Silva sobre CPI não são adequadas
Bruno Dias, que representou o Partido Comunista na CPI à TAP, tem a “certeza de que o ministro da Cultura não estava a pensar no PCP” quando criticou o trabalho dos deputados na comissão de inquérito.
O deputado comunista Bruno Dias considerou esta segunda-feira que "não é adequado" que os governantes façam afirmações como fez o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, sobre o trabalho da Assembleia da República, rejeitando que o PCP seja visado.
O deputado comunista considerou que "o ministro da Cultura sabe", tal como o PCP sabe, que "não é adequado que membros do Governo produzam este tipo de afirmações sobre o funcionamento e o trabalho" da Assembleia da República.
"Houve na comissão de inquérito quem optasse por um tipo de intervenção que nós não acompanhamos, quer na forma, quer no conteúdo, e a própria intervenção do PCP ao longo dos trabalhos da comissão de inquérito serviu para marcar a diferença nesse contexto e nessa matéria, razão pela qual diria que de certeza absoluta que o ministro da Cultura não estava a pensar no PCP quando fez aquelas declarações", afirmou Bruno Dias.
O deputado respondia a perguntas dos jornalistas em conferência de imprensa, no parlamento, para apresentar as propostas de alteração do PCP ao relatório com as conclusões da comissão de inquérito à tutela política da gestão da TAP.
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, reiterou esta manhã as críticas que fez, em entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, à forma como decorreram os trabalhos da comissão de inquérito à TAP, recusando "suspender o espírito crítico" sobre o funcionamento da Assembleia da República.
Nesta entrevista, Pedro Adão e Silva considerou ter havido deputados a agir como "procuradores do cinema americano de série B da década de 80" na comissão de inquérito à TAP.
Na sequência da entrevista, no domingo o presidente da comissão de inquérito à TAP, António Lacerda Sales, considerou, em declarações à Lusa, que as afirmações do ministro foram uma "falta de respeito" e uma "caracterização muito injusta" do trabalho dos deputados, pedindo que se retrate.
Esta segunda-feira, o ministro da Cultura disse acreditar que a sua opinião sobre os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito à TAP "é partilhada por muitos portugueses", considerando que "houve alguns momentos que não edificam a democracia".
"Estamos a abrir portas para uma lógica de reality show que degrada todas as instituições e isso foi particularmente visível no funcionamento desta comissão parlamentar de inquérito e na sua transmissão posterior com um longo comentário televisivo", considerou.