Mortágua desafia ministro da Saúde a decidir se está ao lado do PSD ou do SNS

Bloco apresentou um requerimento para ouvir o ministro da Saúde, o director executivo do SNS, a presidente da administração do Hospital Santa Maria e o ex-chefe do serviço de obstetrícia do hospital.

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A coordenadora do Bloco defendeu que o Governo deve investir no SNS para atrair profissionais Rui Gaudencio
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Depois de Luís Montenegro ter saudado o ministro da Saúde pela decisão de transferir as grávidas de baixo risco do Hospital Santa Maria para o privado, Mariana Mortágua considerou que esta opção representa "o fim do Serviço Nacional de Saúde (SNS)" e desafiou Manuel Pizarro a decidir se está ao lado do PSD ou do SNS.

"Devemos ter muita clareza do que isto significa. É o fim do SNS, é o Governo que desiste do SNS. Quando um serviço é transferido para privados é porque o Governo desistiu de combater a falta de médicos e aceita que um serviço do SNS seja prestado por privados não de forma pontual, mas enquanto substituto do SNS. Esta é a escolha que faz a direita", afirmou, esta segunda-feira, a líder do Bloco de Esquerda (BE) em conferência de imprensa, na sede nacional do partido.

Considerando que na origem dos encerramentos temporários das urgências do Santa Maria e do país está a "falta de profissionais" que, diz, leva o Governo a recorrer a "tarefeiros pagos pelo dobro e o triplo dos médicos do SNS" e a "horas extraordinárias", a bloquista considerou que "uma alternativa é investir no SNS" e "compreender que precisa urgentemente de atrair profissionais".

"O ministro da Saúde tem de decidir se está ao lado de Luís Montenegro, que o elogia pela escolha, ou se está ao lado do SNS", desafiou. Como tal, a coordenadora bloquista propõe a atribuição de "um suplemento salarial de 40% para médicos que aceitem vir para o SNS em condições de exclusividade".

A líder dos bloquistas anunciou ainda, que o BE apresentou um requerimento no Parlamento para fazer "várias perguntas que não têm tido resposta acerca do encerramento" do serviço de obstetrícia do Hospital Santa Maria, em Lisboa, a diversas entidades.

O ex-chefe de serviço de obstetrícia do Hospital Santa Maria, Diogo Ayres de Campos, que foi "exonerado por ter dado publicamente a sua opinião" sobre o encerramento do serviço e "questionado a decisão"; a presidente do conselho de administração do Santa Maria, "que deve explicar" porque se decidiu pelo encerramento da unidade antes de as obras para a requalificação da mesma terem sido adjudicadas; e o director executivo do SNS e o ministro da Saúde "que deram a cara por estas decisões" e "prestaram informações que não correspondem à verdade quanto ao acolhimento destas decisões pelos profissionais de saúde e às alternativas públicas, que afinal não existiam", disse Mortágua.

A coordenadora do BE sinalizou ainda que pretende esclarecer "porque é que o Governo recua na alternativa pública" quando "foi prometido que o serviço seria transferido para outro hospital público com recurso pontual a serviço privado", o "porquê" da "duração deste encerramento" e "quais as consequências a longo prazo de um hospital com a dimensão do Santa Maria transferir recursos para o privado, em termos de prestação de serviços do SNS e da transferência de profissionais para o privado".

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