Aos 27 anos, Francisco Taveira é um dos únicos tanoeiros a restaurar barricas usadas

Aos 27 anos, Francisco Taveira é um dos poucos em Portugal que trabalha exclusivamente no restauro de todo o tipo de barricas e tonéis para a maturação de vinho do Porto e outras bebidas generosas.

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Francisco Taveira na tanoaria Bons Velhos Paulo Pimenta
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Não deixa de ter graça que Francisco Taveira tenha decidido chamar Bons Velhos à tanoaria que abriu há dois anos, com um nome escolhido em homenagem a outros tempos, dos quais já pouco ou nada terá conhecido. Aos 27 anos, é um dos poucos em Portugal que trabalha exclusivamente no restauro de todo o tipo de barricas e tonéis para a maturação de vinho do Porto e outras bebidas generosas. A fazer o trabalho de reparação do início ao fim não conhece mais ninguém.

E tudo por um mero acaso. Aos 18 anos, sem trabalho, Francisco aceitou o convite para ajudar os tanoeiros que “andavam a montar os tonéis e balseiros de dimensões maiores” numa adega do Pocinho, recorda. A partir daí, não fez outra coisa. Desde 2021 que trabalha por conta própria, a partir de uma oficina na terra natal, Carvalho de Egas, no concelho de Vila Flor. “Criei o gosto pela arte.” Dá-lhe prazer trabalhar a madeira e depois ver o “aspecto muito bonito” com que ficam os velhos barris após o restauro, desde pipas pequenas a balseiros de 50 mil litros, muitos deles centenários.

Integrado na Rota Saber Fazer, Francisco abre uma barrica para demonstrar os diferentes processos do trabalho: primeiro, sai o aro de cima “à martelada”, depois selecciona as aduelas estragadas e já vemos o interior vermelho sangue deste “casco de carvalho”. “Foi usado anos e anos no envelhecimento de vinhos. Nota-se bem pelo aspecto da madeira e os fundos”, aponta. “Temos aqui o historial dele.” Toda a madeira “tem de ser lavrada novamente” e as aduelas boas de outros barris são recuperadas e adaptadas para substituir as tábuas danificadas. Depois “é só colocar novamente” e terminar com o “processo de voltar a apertar”. Também repara fugas, fundos rotos e arcos podres, e reaproveita madeiras de barricas maiores para criar outras de menor dimensão.

A maioria do trabalho é feito directamente nas adegas, conta. Só as reparações de menor dimensão são realizadas na oficina. “Hoje estou aqui. Durante a semana estou na Régua. Já fomos também para o Pinhão, Vila Real, Freixo de Espada à Cinta, Pocinho, Foz Côa... Corremos a zona do Douro inteira”, enumera. Falta de trabalho é coisa que não conhece e já tem a agenda praticamente completa até ao final do ano. “Pouco tempo há-de faltar para começar a ensinar alguém para me ajudar.”

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