Hel, na Polónia, é um íman de turistas atraídos por praias arenosas e trilhos de floresta, e tem um nome que, para falantes de inglês, se assemelha ao abismo ardente de condenação eterna (“hell”, a palavra inglesa para inferno).
Há muito tempo que turistas e habitantes locais viam o lado engraçado do nome e para muitos o autocarro 666, conhecido por ser o "número do diabo", era uma piada inofensiva.
Contudo, nem toda a gente o achava divertido e o serviço de transportes foi alvo de críticas por algumas pessoas que se sentiam ofendidas, no país conservador onde a maioria da população é católica. “O Conselho de Gestão ficou entupido com cartas e pedidos que nos eram enviados, não em grandes números, mas de forma cíclica por vários anos, a pedir a mudança do número da linha”, disse Marcin Szwaczyk da empresa de autocarros local, PKS Gdynia.
A empresa decidiu mudar o número para 669, disse Szwaczyk, acrescentando que estavam a receber queixas de indivíduos e grupos cristãos há quase dez anos.
Em 2018, o grupo católico Fronda rotulou o uso do número como “estupidez satânica”. “O inferno é a negação da humanidade. É morte e sofrimento eterno”, escreveu o grupo num artigo. “Só se riem desta realidade se simplesmente não entenderem o que é.”
O novo serviço de verão 669 vai começar a funcionar no dia 24 de Junho, mas Szwaczyk não descarta o regresso do 666 se os passageiros o exigirem. “Se de facto a resposta para restaurar a linha 666 for grande e forte o suficiente, acredito que vamos ouvir os passageiros e mudar o número”, disse.