Dez tipos de avós e avôs dos tempos modernos
Nestes tempos modernos, destaca-se a existência de dez tipos de avós ou avôs que importa reconhecer.
"No meu tempo é que era. Ai… o meu tempo era assim e assado. Esta geração está perdida e só quer redes sociais..."
A lengalenga de meia dúzia de estereótipos que, em alguns casos, podem corresponder à verdade, mas que não ilustram de todo a maioria da juventude portuguesa que vibra com as avós e os avôs e onde uma relação de proximidade e intimidade surge de maneira bem diferente do passado.
Nestes tempos modernos, destaca-se a existência de dez tipos de avós ou avôs que importa reconhecer.
O avô Uber
Este tipo de avô, porque a avó não conduz, herança de outras épocas, leva o neto aonde for e para onde ele quiser. Espera meia hora à porta da escola, sem resmungar, faz de contas que não viu o beijo que o Afonso deu à Jéssica na loja das gomas, e espera para lá da meia-noite à porta do bar, muito depois da hora combinada, sem contar nada aos pais.
A avó influencer
Este tipo de avó sabe mais de redes sociais do que os netos. Está sempre a par de todas as novidades e notícias de última hora e tanto envia um vídeo do Porta dos Fundos, como a receita de frango com natas e sopa de cebola instantânea, para o neto fazer rapidamente na faculdade. Normalmente partilha fotos dos netos em que eles se acham horríveis.
O avô agricultor
Enche sacos com legumes, fruta e tudo o que o campo lhe der, para o netinho ou netinha degustar. "Não comas as cerejas, que são para o Guilherme." Tenta ensinar aos netos que nada vem de mão beijada, ainda que beije as mãos aos netos, por cada visita a casa. Desconfia dos telemóveis e só os usa para ligar aos netos.
O avô cozinheiro
Tanto compra a lasanha do Continente, preferida da netinha, como faz arroz de pato com o chouriço mais caro, que nunca comprou para os filhos. "O que queres comer? Tens fome? A que horas vens jantar?" São as mensagens mais partilhadas no WhatsApp com direito a fotografia do menu.
A avó aprendiz
Esta avó suga toda a informação que puder dos netos, de preferência digital. "Como é que adiciono amigos no Facebook? Como altero a foto de perfil no Instagram? Olha mexe aqui no meu telemóvel que tem vírus e bloqueia-me a vizinha. O Word pirateado já não está a funcionar..."
A avó moderna
Tem a Netflix instalada e quer falar sem tabus e com humor. "Se eu tivesse a tua idade, não me tinha ficado só pelo teu avô, não… Vai viver a vida e namora muito. E estuda ainda mais… Com quem andas agora? Mostra-me. A tua mãe continua impossível de se aturar? Foge para aqui."
O avô tradicional
Quase nunca está com os netos, mas quando está, exige-lhes que cumpram todos os rituais que consideram sagrados. "Vamos ao pão, depois à tabacaria comprar o jornal e depois vais à missa comigo. E de regresso vais ajudar-me nas compras que eu não sei passar isto que instalaste, o MBWay. À tarde, vamos jogar cartas. Não sabes quem é o Ministro da Educação? Isso é uma vergonha."
A avó saudosista
Continua a insistir que é importante aprender a bordar, ou que vale a pena esperar pelo homem certo. Continua a querer que o neto aprenda a mexer em ferramentas e que a neta saiba fazer um bom arroz doce, porque há coisas que não devem ser mudadas. Escandaliza-se com a tatuagem e o piercing mas não nega que queria ter o nome da neta escrito no pulso.
O avô instantâneo
Este tipo de avô não tem tempo para nada, está sempre ocupado e ainda tem uma carreira profissional intensa para gerir. O tempo dedicado aos netos é tempo para exprimir sentimentos. "Gosto muito de ti, dá cá um beijinho" e logo coloca o rebento nos braços da mãe.
Avó babysitter
Esta avó está sempre de braços abertos para acolher os netos em casa e passar a tarde com eles a fazer biscoitos. Se os pais ligam a dizer que vai ter de se ocupar da tarefa também à noite, não reivindica. Só fica rabugenta, quando os progenitores não admitem que ela, não intervenha na educação dos menores. "Aqui bebem Coca-Cola, sim!"
Os netos e as netas de hoje têm à-vontade para falar com os avós e avôs sobre tudo, partilham emoções à mesma velocidade com que partilham stories ou memes. Não são perfeitos como não eram no passado, mas acredito que são mais livres para amar.
Os netos e as netas choram a morte dos avós ou dos avôs como se fossem mães ou pais. Não foram desconhecidos, eram os amigos e as amigas com quem trocavam mensagens a qualquer hora do dia ou da noite.
Gabriel García Márquez tinha razão quando na longa conversa com o escritor e jornalista Plinio Apuleyo Mendoza, lhe diz: “Em toda a minha vida de adulto, cada vez que me acontece qualquer coisa, sobretudo cada vez que me acontece algo bom, sinto que a única coisa que me falta para que alegria seja completa é que o meu avô saiba.”