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O "óbvio paralelismo" entre Benidorm e Hong Kong: a verticalidade, a cidade a rasgar a natureza
Manuel Alvarez Diestro fotografou cidades asiáticas e depois espanholas. Captou as semelhanças: todas crescem verticalmente.
Esta é a continuação do projecto fotográfico The Caves of Steel, publicado no P3 em Dezembro último, captado pela lente do espanhol Manuel Alvarez Diestro. O fotógrafo andou pela Ásia e pelo Médio Oriente com o romance de ficção científica homónimo, de Isaac Asimov, para mostrar "um futuro onde os humanos dominam o território através da criação de cidades".
Nesta segunda parte — que está em exposição no Museu Aguas de Alicante até 15 de Setembro —, apontou a câmara a Benidorm, Alicante e Torrevieja, para provar o "óbvio paralelismo" que diz existir entre as cidades do Mediterrâneo e da Ásia. "Benidorm, por exemplo, é uma cidade sem periferia, onde encontras natureza a pouca distância. Hong Kong faz sentir o mesmo, uma vez que os arranha-céus estão em justaposição em relação à natureza de uma forma radical", refere.
Em cidades como Hong Kong, Busan ou Chongqing, viu como estas "tiveram de crescer verticalmente, devido a constrangimentos geográficos", como montanhas, rios ou o mar. "Acredito que as limitações geográficas são uma grande oportunidade para redesenhar cidades de uma forma holística." Do ponto de vista estético, o fotógrafo diz-se "intrigado" por estas "estruturas colossais, onde os humanos vivem uns em cima dos outros". "Não sou geógrafo ou urbanista, mas acredito que este tipo de construção tenha impactos positivos. Se alongarmos a população horizontalmente, as distâncias vão ser maiores e ter impacto em recursos como a água ou a electricidade", refere.
O maior risco para as cidades, acredita, é "a forma como se gere o turismo", que deixa em risco a identidade dos locais. "Os centros históricos podem perder o seu traço característico ao verem os habitantes serem empurrados para as periferias", lamenta, antes de alertar: "No dia em que não virmos avós a crianças com uma bola no centro da cidade, algo está muito errado."