Já tínhamos dado dicas para ter sucesso nas aplicações de encontros: ler atentamente o perfil da outra pessoa para poder fazer interacções mais interessantes é uma delas. Mas, além do que podemos fazer, é importante termos em mente o que não devemos fazer.
Rita Sepúlveda, investigadora e autora do livro Swipe, Match, Date (que é o resultado de uma análise a diferentes apps e com umas quantas dicas e sugestões), dá algumas indicações sobre os principais "nãos" das apps de dating.
Não mintas
A honestidade é fundamental para bem viver nas aplicações de encontros. Não usar fotografias, dados, ou nomes falsos é o mínimo para começar em bons termos. É importante “não mentir, mas também não omitir”: “Há pessoas que estão numa app de dating e não indicam o estado civil, sendo até casadas. A pessoa neste caso não está a mentir, mas está a omitir uma informação importante, e o efeito é o mesmo de uma mentira”, refere Rita Sepúlveda.
Se há quem opte por colocar estados civis ou intenções na biografia, também há quem prefira “não se expor nesse sentido”. Não é crucial. Mas é importante, nas primeiras conversas “dizer ao que vamos”.
Não faças ghosting
Ainda que a tecnologia permita simplesmente desaparecer, porque deixa “cortar o contacto com a pessoa sem ter que se justificar”, não é de bom-tom fazê-lo. Especialmente porque pode ter efeitos negativos na auto-estima do outro: “O que é que fiz de errado? Porque é que esta pessoa não quis falar mais comigo? O que se passa comigo?” são algumas das perguntas que podem passar pela cabeça de quem foi vítima de ghosting.
É legítimo não querermos relacionar-nos mais com alguém, mas é essencial comunicá-lo — “sem ser de forma bruta”, mas sempre com honestidade.
Não peças nudes
“Não andamos pela rua a pedir a pessoas que se dispam”, ri-se a investigadora. Por isso, não temos porque fazê-lo pela Internet. E o contrário também vale: não nos despimos para desconhecidos na rua, por isso não devemos enviar nudes não solicitadas.
“Às vezes a conversa pode proporcionar essa situação, mas aí percebemos que há uma aceitação por parte das pessoas envolvidas”, refere Rita Sepúlveda. E isso é bem diferente de abrir uma conversa e encontrar uma foto da outra pessoa sem roupa. Mesmo no caso em que ambas as pessoas querem, salienta, deve haver uma “reflexão” — até porque estamos a partilhar conteúdo íntimo com pessoas que podemos não conhecer assim tão bem.
Não tenhas pressa
Fechar e abrir a janela, actualizar a página, olhar para as horas. A ansiedade pode aparecer quando esperamos por uma resposta. Mas é preciso ter calma. Primeiro, porque “os dados indicam que há alturas do dia em que as pessoas se ligam com mais frequência” (normalmente à noite). Até lá, têm uma vida a acontecer.
“Se me enviaram uma mensagem ontem à noite, é provável que hoje ainda nem me tenha ligado, nem tenha notificações ligadas”, exemplifica a investigadora. “E também não convém fazermo-nos de investigadores. Perguntarmo-nos porque a pessoa, que normalmente demora 20 segundos a responder, está agora a demorar 20 minutos. Ou ir a outras redes sociais e mandar mensagem por lá. Ou cobrar o tempo que a pessoa demorou a responder…”, continua.
É importante ter em conta que “ainda nos estamos a conhecer” e que, provavelmente, responder-nos ainda não é uma prioridade da outra pessoa. “E está tudo bem.”
Não partilhes demasiado
Informação, dados, vivências ou experiências. Em primeiro lugar porque, convém lembrar, do outro lado está um desconhecido. Talvez não seja boa ideia desvendar onde vivemos, onde trabalhamos, a que café costumamos ir. E, atenção, as fotos também podem revelar muito.
Mas, além destas questões relacionadas com a segurança, também pode ser relevante não partilhar demasiado sobre alguns temas. “Pode ser um pouco desanimador para a outra pessoa” se partilhamos informação que “pode ser pesada ou que não é para ser partilhada naquele contexto e naquele momento”, refere a investigadora. Aquilo a que se chama oversharing, quando assoberbamos a outra pessoa com informação demasiado íntima muito cedo. “Há tempo para partilhar.”