Mais honestidade, menos ghosting: a Geração Z está a mudar os relacionamentos

“Autenticidade” é a palavra que parece definir a forma como a Geração Z vive os relacionamentos. Estudo do Tinder mostra que eles preferem pôr as cartas na mesa e acabar com os “jogos de conquista”.

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Estudo do Tinder mostra que a Geração Z prefere pôr as cartas na mesa e acabar com os “jogos de conquista” Karsten Winegeart/Unsplash
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São os millennials (ou, pelo menos, metade dos inquiridos) que o dizem: o mundo dos encontros “é mais saudável” para os que têm hoje entre 18 e 25 anos do que era para eles quando tinham a mesma idade. Três em cada quatro inquiridos para um estudo do Tinder, com idades entre os 33 e os 38 anos, concordam que “os jogos de conquista, como fazer-se difícil ou enviar sinais contraditórios” eram tidos como “normais” quando eles tinham entre 18 e 25 anos. Mas a Geração Z está a mudar isso.

Estão determinados a ser “mais honestos, mais abertos e mais focados em dar prioridade à saúde mental”, diz o relatório The Future of Dating, da aplicação de encontros, que fez vários inquéritos a milhares de solteiros dos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá e usou dados recolhidos para relatórios anteriores. A conclusão é esta: há um “renascimento” no mundo dos encontros e é a Geração Z que está a desafiar os standards que até agora conhecíamos.

O relatório organiza-se em três grandes temas — Inclusão, Tecnologia e Autenticidade —, com grande foco nesta última. A autenticidade, explica o relatório, manifesta-se na “abertura” (isto é, pôr na mesa as intenções, logo desde o início) mas, acima de tudo, na honestidade e saúde mental. Cerca de 80% dos inquiridos com idades entre 18 e 25 anos referem que “o cuidado próprio é a maior prioridade quando estão num relacionamento” e 79% dizem esperar que “os parceiros façam o mesmo”. Na verdade, este é um factor com grande relevância, já que 75% dizem sentir-se mais atraído por alguém aberto a trabalhar na própria saúde mental.

O tempo é, também, crucial — e ninguém o quer desperdiçar. Por isso, 64% dos jovens solteiros dizem estar “confortáveis com situações confrangedoras”, se elas estiverem “ao serviço” da genuinidade. Ou seja, é melhor “descascar logo a cebola” e mostrar o verdadeiro “eu”, ainda que isso cause alguma estranheza, do que ir revelando as camadas aos poucos.

E a ideia de demorar a responder, para não dar a entender que estávamos ansiosamente à espera de uma mensagem? Coisa do passado: “77% dos membros do Tinder respondem a um match em 30 minutos, 40% demoram cinco minutos e mais de um terço responde imediatamente”, lê-se no relatório. Já agora, o ghosting também não é uma opção: os utilizadores entre os 18 e os 25 anos “são 32% menos prováveis de fazer ghosting a alguém do que os que têm mais de 33 anos”.

Outro dos pontos-chave do relatório é a inclusão — que é, aliás, uma das bandeiras da Geração Z. Oitenta por cento dos inquiridos dizem já ter tido um encontro com alguém de outra etnia. E “quando questionados sobre se sairiam com uma pessoa com deficiência ou neurodivergência, metade disse estar aberto a isso”.

Esta inclusão reflecte-se também na aceitação de diferentes orientações sexuais e identidades de género. Graças à Geração Z, houve um aumento de 30% de identidades de género no Tinder, além da masculina e feminina, desde 2021, com especial destaque para a “não binário”: só num ano, o número de pessoas que assim se identificam aumentou 104%. O estudo mostra ainda que 33% dos inquiridos “concordam que a sua sexualidade é mais fluida” e que 29% acreditam que a sua identidade de género se tornou “mais fluida nos últimos três anos”.

Por fim, o Tinder quis saber: o que é que a Geração Z procura? Não é, propriamente, o amor. “Companheirismo, amizade ou uma situationship (menos do que um relacionamento, mas mais do que um encontro de uma noite)” foram as três vencedoras. “Os jovens solteiros preferem construir uma amizade primeiro, para reduzir a pressão e o tirar o peso de quaisquer expectativas.” Ainda assim, 64% dizem gostar do “estímulo que uma relação amorosa traz”.

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