Cormac McCarthy, o escritor que nunca navegou na Internet

Paulo Faria, o tradutor que verteu em português toda a ficção de Cormac McCarthy, escreve sobre o mestre agora desaparecido.

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Retrato de Cormac McCarthy na primeira edição de "Filho de Deus", 1973 wikicommons images
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Morreu Cormac McCarthy, e uma imensa tristeza desce sobre nós. Com ele, morreu um certo tempo, uma certa literatura. Ele cresceu num tempo e num lugar em que as crianças, qualquer que fosse a sua classe social (e Cormac McCarthy nasceu numa família abastada), aprendiam desde pequenas a pescar e a caçar, trepavam às árvores, tinham com o mundo natural uma relação de enorme intimidade. Essa comunhão, sempre com a morte à espreita, essa atenção aos ciclos naturais, essa conversão permanente do mundo físico num prolongamento das nossas mãos e do nosso olhar, tudo isso esteve sempre no âmago da escrita dele. Acabou a era dos escritores que, em garotos, foram pequenos Tom Sawyers.

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