Número de armas nucleares activas aumentou no último ano

O crescimento mais expressivo nos arsenais nucleares aconteceu na China e os especialistas acreditam que, até ao fim da década, Pequim poderá ter um número idêntico de ogivas às da Rússia e dos EUA.

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Submarinos nucleares chineses durante exercícios militares no Mar do Sul da China Reuters/China Stringer Network
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O número de armas nucleares está a subir em todo o mundo, de acordo com um relatório anual que alerta para o afastamento cada vez maior das metas de desnuclearização prometidas pelas maiores potências mundiais.

As estimativas do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês) apontam para a existência de 12512 ogivas nucleares em todo o planeta, das quais 9576 estão em funcionamento. No ano passado, havia 9490 ogivas activas. O relatório diz ainda que cerca de duas mil ogivas, quase todas da Rússia e dos EUA, encontram-se num estado de prontidão operacional elevado, o que significa que podem ser rapidamente alojadas em mísseis ou em aeronaves para serem usadas em combate.

O principal incremento aconteceu na China, que passou de 350 ogivas em 2022 para 410 este ano, embora também tenha havido pequenos aumentos nos inventários da Rússia, Paquistão, Coreia do Norte e Índia.

Os autores do relatório alertam para a “expansão significativa do arsenal nuclear” da China. “É cada vez mais difícil enquadrar esta tendência com o objectivo declarado pela China de ter apenas as forças nucleares mínimas necessárias para manter a sua segurança nacional”, afirmou o investigador do SIPRI, Hans Kristensen.

Os especialistas acreditam que, se a tendência continuar, a China poderá ter um arsenal nuclear tão vasto quanto os da Rússia e dos EUA, que hoje representam 90% de todas as armas nucleares no mundo, até ao final da década. Os dados relativos à China têm por base as estimativas do Departamento de Estado dos EUA, uma vez que o regime de Pequim não fornece quaisquer informações sobre a dimensão do seu arsenal nuclear.

O aumento do número de ogivas nucleares põe em causa a declaração subscrita em 2021 pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que são também as maiores potências nucleares, de que “uma guerra nuclear é impossível de ganhar e não deve ser travada”.

Um dos principais efeitos da guerra na Ucrânia, segundo o SIPRI, é a diminuição da transparência acerca dos arsenais nucleares da Rússia e dos EUA. O relatório recorda a suspensão do tratado New START, em Fevereiro deste ano, o último compromisso para um limite às forças nucleares da Rússia e dos EUA ainda em vigor. Ainda assim, as estimativas apontam para que os dois países mantenham as suas forças nucleares estratégicas dentro dos limites do antigo tratado.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, as ameaças que sugerem a possibilidade de ataques nucleares por parte de Moscovo intensificaram-se.

“Neste período de elevada tensão geopolítica e desconfiança, com os canais de comunicação entre rivais com armas nucleares fechados ou quase sem funcionar, os riscos de erros de cálculo, incompreensões ou acidentes são inaceitavelmente altos”, diz o director do SIPRI, Dan Smith.

“Há uma necessidade urgente de se retomar a diplomacia nuclear e fortalecer os controlos internacionais sobre as armas nucleares”, acrescenta.

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