UBS anuncia conclusão da compra do Credit Suisse

O novo grupo bancário vai passar a gerir activos no valor total de 4,6 biliões de euros e a contar com 120 mil trabalhadores a nível global. Contudo, em breve, deverão ser anunciados despedimentos.

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O UBS anunciou a conclusão da compra do rival Credit Suisse Reuters/Arnd Wiegmann
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O UBS concluiu, esta segunda-feira, a aquisição do Credit Suisse. A operação, decidida em Março pelos reguladores suíços para evitar que aquele que era o segundo maior banco do país entrasse em falência e contagiasse o sistema bancário, é a maior fusão no sector desde a crise financeira de 2008 e vem criar um gigante da gestão de fortunas a nível global.

"O UBS completou a aquisição do Credit Suisse, conquistando um marco importante. O Credit Suisse Group AG já foi incorporado no UBS Group AG e a entidade resultante desta fusão vai operar como um grupo bancário consolidado", anunciou o UBS, em comunicado emitido esta manhã.

Assim, esta segunda-feira será o último dia em que as acções do Credit Suisse serão negociadas nas bolsas da Suíça e de Nova Iorque, marcando a conclusão de uma operação que vai conceder aos accionistas do banco comprado uma acção do UBS por cada 22 acções que detinham do Credit Suisse.

De resto, o banco intervencionado continuará a existir, ainda que integrado no novo grupo. "O UBS Group AG vai gerir dois bancos separadamente – o UBS AG e o Credit Suisse AG. Cada instituição vai continuar a ter as suas próprias subsidiárias e balcões, a servir os seus clientes e a lidar com as respectivas contrapartes", pode ler-se no comunicado, que ressalva: "O conselho de administração e a comissão executiva do UBS Group AG vão assumir a responsabilidade pelo grupo consolidado".

A conclusão da operação é comunicada depois de, em Março, a venda do Credit Suisse, por três mil milhões de francos suíços (aproximadamente o mesmo valor em euros), ter sido anunciada pelo Finma, regulador financeiro suíço, após dois dias de negociações intensas. O objectivo de implementar uma medida desta dimensão com esta rapidez era simples: restaurar a confiança no sector bancário e estancar as perdas sentidas nos mercados accionistas, evitando uma crise financeira.

Grupo global

A fusão agora concluída une "dois bancos globais de importância sistémica pela primeira vez", resumiu Colm Kelleher, presidente do conselho de administração do UBS Group, numa carta aberta publicada em vários jornais suíços nesta segunda-feira. "Agora, somos uma empresa suíça global e, juntos, somos mais fortes. Num momento em que começamos a operar o grupo bancário consolidado, continuaremos a ser guiados pelos melhores interesses das nossas partes relacionadas, incluindo dos nossos accionistas. A nossa prioridade mantém-se: servir os nossos clientes com excelência", acrescentou.

Já Sergio Emotti, presidente executivo do novo grupo, destaca a "oferta global melhorada, o maior alcance geográfico e o acesso a mais competências que a fusão permite".

São, ainda, anunciados os novos membros do conselho de administração do Credit Suisse: Lukas Gähwiler (presidente), Jeremy Anderson (vice-presidente), Christian Gellerstad (vice-presidente), Michelle Bereaux, Mirko Bianchi, Clare Brady, Mark Hughes, Amanda Norton e Stefan Seiler.

A instituição agora criada vai passar a ter um balanço total de quase 1,5 biliões de dólares e a gerir um portefólio de 4,6 biliões de euros em activos, de acordo com os cálculos da Reuters.

Ao mesmo tempo, o novo grupo passa a contar com 120 mil trabalhadores a nível global, um número que será cortado significativamente em breve, como a administração da UBS já admitiu, embora não sejam conhecidos, para já, números ou metas temporais. De acordo com várias notícias publicadas aquando do anúncio da fusão, em Março, poderão estar em causa mais de 30 mil despedimentos, o que, a confirmar-se, representará 25% da actual força de trabalho.

Perdas garantidas pelo Estado

O anúncio da conclusão da operação surge poucos dias depois de o UBS e o Governo suíço terem chegado a acordo para a definição de uma garantia estatal que irá cobrir as perdas em que a instituição financeira poderá incorrer com a compra do concorrente.

O chamado "Acordo de Protecção de Perdas" foi anunciado no passado dia 9 de Junho, em comunicado emitido pelo UBS. "O UBS Group AG e o Governo suíço assinaram um Acordo de Protecção de Perdas que se irá efectivar após a conclusão da aquisição do Credit Suisse. O acordo vai manter-se em vigor até à venda de todos os activos cobertos pela garantia, ou até ser terminado pelo UBS", pode ler-se no comunicado.

Em concreto, o acordo determina que o UBS vai suportar, numa primeira fase, perdas de até 5 mil milhões de francos suíços que possam resultar da venda de activos tóxicos e considerados não estratégicos do Credit Suisse. Ultrapassada esta fasquia, as perdas adicionais que possam resultar dessas vendas serão cobertas por uma garantia pública, concedida pelo Estado suíço, até ao valor de 9 mil milhões de francos suíços.

"O UBS vai gerir estes activos de forma prudente e diligente e tenciona minimizar quaisquer perdas e maximizar os potenciais ganhos com a venda destes activos", conclui o banco.

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