Vocalista dos Rammstein nega acusações de agressão sexual. Digressão mantém-se de pé

Nos concertos mais recentes já foi eliminado o sistema row zero e canceladas todas as festas. A ministra da Família alemã pede “debate sério” sobre responsabilidade dos artistas para com fãs.

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Apesar das acusações ao vocalista, a digressão dos Rammstein continua Miguel Manso / PUBLICO
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O vocalista da banda alemã Rammstein, Till Lindemann, negou todas as acusações de agressão sexual de que tem sido alvo desde Maio. Em comunicado, os advogados do músico consideraram que “as alegações são, sem excepção, falsas” e avisaram que seriam tomadas acções legais contra as mulheres que acusam Lindemann de conduta sexual imprópria.

Os holofotes voltaram-se para o vocalista da banda de metal alemã a 25 de Maio, quando uma fã de 24 anos que foi assistir a um concerto da banda em Vílnius, na Lituânia, contou nas redes sociais que tinha sido convidada a ir para um camarim com Lindemann, escreve o The Guardian.

Segundo a jovem, o vocalista reagiu de forma violenta quando esta recusou fazer sexo com ele. A fã esclareceu, porém, uns dias mais tarde, que Lindemann nunca lhe tocou: “Ele aceitou que eu não queria ter sexo com ele. Eu nunca disse que ele me violou.”

A mulher de 24 anos tinha sido convidada a juntar-se à row zero (fila zero, em português) por Alena Makeeva, que se descrevia no Instagram como “directora de casting em digressão com Till Lindemann”. A jovem não exclui a possibilidade de lhe terem colocado drogas nas bebidas durante a festa, tendo em conta que ficou com falhas de memória nessa noite.

O episódio trouxe à tona várias histórias de mulheres que teriam sido “recrutadas” nos concertos para ter relações sexuais com Till Lindemann.

Nos espectáculos de Rammstein há uma row zero, que permite a um grupo restrito de pessoas ficar mais próximo da banda durante o concerto e ter acesso a uma festa privada no final. Segundo o jornal Die Welt, as mulheres nestas filas eram filmadas ou fotografadas para o vocalista seleccionar aquelas com as quais se queria encontrar depois.

O The Guardian refere, inclusivamente, um caso de 2019, em Viena, no qual uma mulher bebeu álcool numa festa pós-espectáculo e perdeu a consciência. Quando acordou, contou ao jornal Süddeutsche Zeitung, Lindemann estava “em cima” dela, num quarto de hotel.

Assim que as acusações começaram a surgir, a banda fez um comunicado no Instagram: “É importante que se sintam bem e seguros nos nossos concertos — à frente e atrás do palco.” Segundo o diário britânico, a banda também terá proibido Makeeva que não era funcionária da banda de estar presente em futuros concertos.

Reacções não tardaram

A ministra da Família alemã, Lisa Paus, pediu áreas protegidas para mulheres nos concertos de Rammstein e a eliminação da row zero. “Os jovens, em particular, devem ser melhor protegidos contra agressões”, disse a ministra à AFP. À mesma agência, sublinhou a urgência de fazer um “debate sério sobre a responsabilidade de artistas e promotores para com os fãs.”

Nos concertos no Olympiapark, em Munique, esta semana, já foram tomadas medidas. Além do fim da row zero, todas as festas pós-concerto foram canceladas.

Entre fãs, escreveu a AFP, há quem considere que a banda “é inocente até prova em contrário”, mas as acusações não passaram completamente ao lado. Numa sondagem do jornal Bild, a 6 de Junho, a maioria dos inquiridos considerou que os concertos da digressão europeia deveriam ser cancelados até tudo ser devidamente esclarecido.

Apesar das acusações, segundo a Euronews, uma responsável do SPD (Partido Social Democrata da Alemanha) afirmou que não há base legal para cancelar os concertos, já que ainda “não há investigações criminais contra a banda”.

A digressão dos Rammstein também se mantém de pé, com concertos agendados na Europa durante o mês de Junho. A 26 de Julho, os autores de Du Hast passam por Portugal, com concerto marcado para o Estádio da Luz.

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