A norte-americana Jeep, cujo próprio nome se cruza com o segmento em que dá cartas, tem uma longa tradição no offroad. Por isso, quando se decidiu a criar um carro na Europa tendo como alvo o cliente europeu, não abdicou de dotar o Avenger de características que o fazem rolar tão bem em asfalto como fora dele (o Select Terrain e o Hill Descent Control são de série), como o pudemos comprovar num ensaio dinâmico com unidades já finalizadas.
Com isso, quer piscar o olho aos fiéis clientes e, ao mesmo tempo, conquistar novos fregueses, sobretudo mais jovens e mulheres (o cliente-tipo da Jeep é homem e tem mais de 50 anos). E, pelo caminho, acabou por também conquistar imprensa especializada: foi Carro do Ano Europeu (e a Jeep, que nunca antes tinha ganhado o cobiçado troféu, “nem queria acreditar”) e SUV compacto/familiar do ano nos Women’s World Car Of The Year.
A receita passou por criar um SUV compacto, com comprimento de 4084mm, e dotá-lo de uma aura aventureira q.b., sem descurar elementos que remetem para a elegância ou a exigente funcionalidade pela qual o consumidor europeu tem tanto apreço, com um habitáculo inesperadamente espaçoso para quem o conhece pela primeira vez.
E faz-se pagar: a Jeep excluiu a versão de acesso para Portugal, apresentando ao país o Avenger a partir de 39.700€. Porém, será de esperar que o interesse venha das empresas, que vêem nos eléctricos também uma forma de tirar dividendos fiscais. E para estas o carro é proposto desde 405€ por mês, sem entrada inicial.
Inspirado no Willys
A Jeep diz que foi buscar inspiração ao Willys, desenvolvendo uma espécie de concentrado da fórmula de ADN, que lhe é reconhecido desde os anos 40 do século passado, colocando-o ao serviço de um automóvel que Eric Laforge, director da marca na Europa, descreve como “compacto, robusto e jovial”, destacando o facto de “que oferece tecnologia de ponta, espaço e conforto, enquanto proporciona muita diversão”.
A diversão começa logo a partir do momento em que o Avenger se mostra preparado para ir mais além, graças a um trabalho de o proteger a 360 graus contra embates (as luzes estão protegidas e há placas de protecção moldadas com cor) que lhe permite rolar muito à vontade quer pela cidade quer pelo todo-o-terreno. Já o tínhamos percebido antes, quando conduzimos o pré-série pelos circuitos de testes da marca, mas em condução em terreno real isso é ainda mais evidente.
Também evidente é o esforço por tornar o habitáculo o mais espaçoso possível, apostando em ideias originais para aproveitar todos os espacinhos disponíveis. Resultado: há um total de 34 litros de armazenamento interior, com espaços pensados para praticamente tudo (até para enfiar uma pequena bolsa num compartimento escondido sob uma cobertura magnética dobrável). Já a mala, com uma entrada de um metro de largo e com formato regular, arruma 355 litros, sendo fácil carregá-la e arrumá-la.
Na segurança, o Avenger é proposto com um conjunto de características e de assistentes que permitem uma condução autónoma de nível 2, incluindo monitorização do ângulo morto, travagem de emergência autónoma com protecção de utilizadores de estrada vulneráveis (peões e ciclistas), estacionamento automático e câmara traseira de 180 graus com vista tipo drone. Já a conectividade é garantida pelo sistema de infotainment Uconnect, que pode ser combinado com um painel digital de sete ou 10,25'' e que funciona de forma intuitiva (e célere). A navegação é TomTom e há reconhecimento de voz natural e actualizações over the air.
O Avenger chega a Portugal com uma única unidade motriz, eléctrica, com potência equivalente a 156cv e bateria com capacidade de 50,8 kWh, reclamando uma autonomia de até 400 quilómetros (WLTP) e até 550 quilómetros em voltas urbanas, muito graças a uma boa eficiência. A marca anuncia um consumo entre os 15,4 e 15,7 kWh, dependendo da versão de equipamento, muito fácil cumprir sem esforço ou especial atenção ao peso do pé no acelerador.
A comercialização incide em três níveis de equipamento: Longitude, com jantes de liga leve de 16'' e sensores de estacionamento traseiro; Altitude, com bancos premium, painel digital de 10,25'' e porta da bagageira eléctrica mãos-livres; e Summit, no topo da gama, com faróis e farolins traseiros full LED, condução autónoma de nível 2, sensores de estacionamento de 360 graus e câmara traseira com visão tipo drone.