Sunak diz que travessias da Mancha diminuíram em 20%

Primeiro-ministro britânico congratula-se com as suas políticas contra a imigração ilegal, mas a meteorologia no canal não tem estado famosa.

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Rishi Sunak esteve esta segunda-feira em Dover POOL/Reuters
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O primeiro-ministro britânico diz que o número de travessias do Canal da Mancha para o Reino Unido decresceu 20% nos primeiros cinco meses de 2023 face ao mesmo período no ano passado e garante que isso se deve ao plano do seu Governo para combater a imigração ilegal. “Está a começar a funcionar”, afirmou Rishi Sunak esta segunda-feira na cidade costeira de Dover, na região de Kent, onde chegam muitos migrantes em pequenas embarcações.

O executivo de Sunak fez do combate à imigração ilegal uma prioridade e tem várias iniciativas em curso, como o acordo de patrulhamento da Mancha com França e o de repatriamento de migrantes para a Albânia. Em Março, o Governo apresentou uma nova proposta de lei para deter e expulsar imediatamente todos os que façam a travessia de forma irregular. Essa legislação já foi aprovada pela Câmara dos Comuns, mas ainda não está em vigor.

“Esta é a primeira vez desde que este problema começou que o número de chegadas entre Janeiro e Maio se reduziu comparativamente ao ano anterior”, afirmou Sunak, contrapondo que “o número de migrantes ilegais que entrou na Europa [continental] aumentou em 30%”.

Para esta quebra, argumentou o primeiro-ministro, muito terão contribuído os acordos com a França e a Albânia. O primeiro, assinado em Novembro de 2022 e que previa um reforço da presença policial nas praias do canal, “impediu cerca de 33 mil travessias”, disse Sunak. O segundo fez com que 1800 pessoas fossem recambiadas para o país dos Balcãs “em apenas seis meses”.

Há quem, no entanto, aponte que o decréscimo de travessias se deva simplesmente ao mau tempo no canal. A rota migratória da Mancha é uma das mais perigosas do mundo, sujeita a condições meteorológicas difíceis e a um elevado tráfego marítimo. Mesmo assim, milhares de pessoas empreendem a viagem, frequentemente em barcos de borracha que não garantem qualquer segurança.

O número de travessias tem vindo a crescer nos últimos anos e em 2022, segundo dados do Reino Unido, foi batido um recorde: 45 mil pessoas chegaram ao país. Entre estas há muitas provenientes da Síria, do Afeganistão, do Iraque e do Sudão, mas também de países do Leste da Europa, como a Albânia, que o Governo britânico classifica como “país terceiro seguro” para justificar os repatriamentos.

“No que vai do ano, o número de chegadas de albaneses em pequenos barcos caiu em quase 90%”, afirmou Rishi Sunak. E acrescentou: “Esta é a prova de que a nossa estratégia de dissuasão funciona. Quando as pessoas sabem que, se vierem ilegalmente, não ficam – deixam de vir.”

Um dos argumentos do executivo de Sunak para fazer aprovar estas políticas é o de que é preciso combater as redes criminosas de tráfico humano. O primeiro-ministro garantiu que “as detenções de trabalhadores ilegais mais do que duplicaram” e que “a recusa [de pedidos de asilo] triplicou” desde que os serviços de fronteiras “começaram a pedir provas das alegações [feitas por migrantes] de [que eram vítimas de] escravatura moderna”.

A nova lei proposta pelo Governo foi objecto de duras críticas da ONU, de toda a oposição, de deputados do Partido Conservador e do arcebispo de Cantuária, que a considerou “moralmente inaceitável” e “isolacionista”, “uma tentativa de remendo de curto prazo” que não aborda os problemas de fundo que motivam as migrações.

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