Na nova carta do Rocco, a comida rivaliza com a decoração
O restaurante do grupo Plateform, no hotel The Ivens, em Lisboa, reparte-se por três espaços, um deles com Itália à mesa. É o Ristorante, para saborear a comida italiana sem fundamentalismos.
Abriu há um ano e meio, no Chiado, e rapidamente se tornou um dos restaurantes mais instagramáveis de Lisboa, com direito a uma das casas de banho mais excêntricas da cidade. Sob a insígnia do conhecido grupo Plateform, a decoração não é a única estrela do Rocco que, por estes dias, leva à mesa uma nova carta, inspirada nos dias mais quentes, aguçando o paladar com um toque de citrinos.
Há demasiada informação no Rocco, pode dizer-se sem rodeios, enquanto se dá licença aos olhos para se ambientarem. A decoração ficou a cargo do consagrado designer de interiores Lázaro Rosa-Violán, que elegeu de tudo um pouco: ora motivos florais, ora veludos ou até mesmo um gigante balcão de bar em dourado. Pode passar despercebido, mas o restaurante é parte do hotel The Ivens, ainda que entre os comensais sejam poucos os hóspedes.
O espaço de 600 m2, na esquina entre a Rua Ivens e a Rua Capelo, está dividido em três ambientes distintos: o Gastrobar, o Crudo e o Ristorante. São três actos de uma só peça, um refinado restaurante italiano, que quase parece saído de um filme de época. Ao balcão, comem-se petiscos e pequenos pratos tipicamente lisboetas, como o bacalhau à Brás ou os peixinhos da horta. No Crudo, há ostras e outros mariscos, tudo fresco, com um toque da Riviera italiana.
A estrela deste dia foi, contudo, o Ristoranti, onde Itália chega à mesa de forma clássica, mas sem formalismos e preciosismos — ainda que não falte a clássica toalha branca com os talheres impecavelmente polidos e o prato com o rebordo dourado. Numa das paredes, a enorme garrafeira com mais de 430 referências entre vinhos portugueses e italianos, para acompanhar a cozinha do chef Ricardo Bolas, responsável desde o primeiro dia pelo conceito do Rocco.
A cozinha aberta com a sala — uma tendência já bem comum na restauração — permite vê-lo a trabalhar com a equipa, prontos a servir os 52 lugares da sala revestida a madeiras e espelhos. Antes de comer, é na carta de cocktails que nos debruçamos. Os negronis são a especialidades da casa, promete-se, com destaque para o Negroni de Flor de Sabugeiro (12€).
Aqui, ao contrário de muitos restaurantes italianos, o couvert não se resume aos clássicos gressinos. Também os há, claro, mas não vêm sozinhos. Chegam lado a lado com a mortadela de trufa, focaccia, pão de massa mãe e azeite produzido de propósito para o Rocco em Vimioso.
Segue-se a nova carta, acabada de estrear e que traz os dias soalheiros ao paladar. Para entrada, um fresco carpaccio de robalo (24€), perfeito para partilhar. A pazanella com pepino, pimentos, azeitonas e pão acompanha o peixe perfeitamente laminado, numa versão já a pensar na estreia de um novo terraço, prometida para os próximos meses. O carpaccio de lombo de novilho (24€) já era um dos maiores êxitos da carta, conta Ricardo Bolas, que tem a mesma expectativa para a versão de Verão.
E porque os dias quentes pedem pratos mais leves, os raviolis com ricota e espinafres (26€) são um dos protagonistas, acompanhados de um molho de queijos e noz pecan, tanto no recheio, como na finalização. Ainda nas massas — todas feitas aqui na cozinha —, Ricardo Bolas acrescentou um clássico spaghetti alle vongole (34€), com amêijôas da ria Formosa, servidas sem cascas num guloso molho de coentros, vinho branco e azeite.
Por falar em clássicos italianos, a tagliata de vitela (34€) também tem “saído muito bem”, conta o chef. Menos novidade, mas um dos favoritos da carta, é ainda o polvo alla griglia com molho de tomate seco, azeitona Kalamata, alho, coentros e batata a murro (28€).
Para finalizar, não há como errar: um tiramisu feito ao momento. Prepare o telemóvel porque o momento é (pasme-se) instagramável. Se veio almoçar, volte ao jantar de fim-de-semana porque promete-se animação, com música escolhida a dedo pelo DJ da casa.
A Fugas almoçou a convite do Rocco.