Juros dos depósitos sobem pouco para 1,03%, ainda longe dos Certificados de Aforro

Montante de novos depósitos voltou a cair, para os 6214 milhões de euros, menos 1349 milhões do que no mês anterior.

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Taxa de juro oferecida nos novos depósitos continua abaixo da média da zona euro Ricardo Lopes
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A taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou de 0,90% para 1,03% em Abril, ultrapassando 1% pela primeira vez desde Março de 2015, divulgou esta segunda-feira o Banco de Portugal que, ao contrário dos meses anteriores, não forneceu dados relativos às taxas medidas praticadas nos restantes países da zona euro - onde Portugal se destaca, mas pelas piores razões, porque é dos que pratica valores mais baixos.

A progressão das taxas de juro praticadas pelo conjunto dos bancos nacionais continua a passo de caracol, tendo em conta que a diferença para o mês anterior é de apenas 0,13 pontos base. Por prazos, a taxa de juro média dos novos depósitos com prazo até um ano foram remunerados, em média, a 0,95% (0,88% em Março), dos novos depósitos de um a dois anos foi de 1,29% (1,12% em Março) e a dos novos depósitos acima de dois anos foi de 1,12% (0,79% em Março).

A rentabilidade dos depósitos continua muito abaixo dos Certificados de Aforro (CA), apesar do corte dado pelo Governo na nova série, que recua, para as subscrições de Junho, de 3,5% para 2,5%.

A subida dos juros em Abril é mais pequena do que em Março, quando a taxa de juro média tinha aumentado de 0,65% para 0,90%, uma subida de 0,25 pontos percentuais em relação a Fevereiro, que não retirou Portugal da cauda da zona euro, com apenas o Chipre a pagar uma taxa ainda mais baixa. Nesse mês, a média da zona euro estava em 2,11%.

O montante de novos depósitos voltou a cair, ascendendo a 6214 milhões de euros, menos 1349 milhões do que no mês anterior, o que é explicado pela concorrência dos CA, que agora estão menos atractivos, embora ainda muito acima da rentabilidade dos depósitos.

Para estancar a fuga de depósitos, quer antigos quer novos, vai contribuir fortemente o travão colocado no montante que cada particular pode aplicar, que caiu de 250 mil para 50 mil euros.

Juros de 4% no crédito à habitação

A contrastar com a lenta progressão da rentabilidade das poupanças, a taxa de juro médias dos novos empréstimos a particulares aumentou em todas as finalidades, com a da habitação a subir de 3,86% em Março para 3,97% em Abril.

No crédito ao consumo, a taxa subiu de 8,43% para 8,69%, e para outros fins de 5,04% para 5,18%. “As taxas associadas ao crédito ao consumo e a outros fins foram as mais elevadas dos últimos oito anos”, destaca o Banco de Portugal.

Em montante, a concessão de novo crédito abrandou em Abril, totalizando 1793 milhões de euros, menos 730 milhões do que em Março.

A diminuição foi comum a todos os créditos, mas com destaque para o crédito à habitação, que caiu de 1797 milhões de euros para 1269 milhões de euros.

A classificação de novo crédito inclui novos empréstimos, transferências de empréstimos entre bancos e renegociações não associadas a situações de incumprimento.

Relativamente aos reembolsos de crédito à habitação, verificou-se uma diminuição no seu peso, passando de 0,77% para 0,59% do stock de empréstimos. Esta evolução deveu-se à redução dos reembolsos antecipados totais (0,61% para 0,44% do stock), e dos reembolsos antecipados parciais (de 0,17% para 0,14% do stock), embora estes últimos tenham permanecido em valores acima dos verificados em 2022.

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