IL acusa Costa de querer “ativar uma guerra” com Cavaco Silva
O primeiro-ministro diz que a “frustração” e “mágoa” de Cavaco Silva, por ter terminado o seu segundo mandato empossando um Governo que não queria, justificam a sua oposição ao executivo.
O líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, acusou esta segunda-feira o primeiro-ministro de querer "activar uma segunda guerra" com Cavaco Silva, na sequência da "aparente guerra" entre os palácios de Belém e de São Bento.
"O primeiro-ministro aproveita esta intervenção de Cavaco Silva para tentar entrar em debate e em diálogo com Cavaco Silva. Já tínhamos uma aparente guerra, uma guerra de dois palácios, o Palácio de Belém e o Palácio de São Bento e, agora, também quer activar uma segunda guerra com um ex-Presidente da República", disse.
Rui Rocha, que falava aos jornalistas na aldeia de Pisão, no concelho do Crato (Portalegre), zona onde vai ser construído o Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos (EAHFM) do Crato, considera ainda que nesta altura interessa a António Costa "desviar as atenções" dos portugueses.
"Eu penso que ao primeiro-ministro interessa neste momento desviar a atenção dos portugueses e quando se refere à intervenção do ex-presidente Cavaco Silva, penso que ele está um pouco a utilizar a intervenção de Cavaco Silva para desviar as atenções daquilo que são assuntos e temas muito graves", alertou.
Para o líder da IL, António Costa quer "desviar as atenções" de temas considerados graves, nomeadamente sobre a gestão da TAP, que considera ser uma "gestão perfeitamente amadora", e ainda sobre a actuação do Serviço de Informações de Segurança (SIS) no caso relacionado com a recuperação do computador de um ex-adjunto do ministro das Infra-Estruturas.
"Os portugueses estão muito cansados de novelas, a vida dos portugueses está muito difícil, os portugueses têm que enfrentar todos os dias desafios crescentes com o custo de vida, com o sistema de saúde que não funciona, com os transportes que não chegam, por exemplo, em mínimo de condições à região de Portalegre, esses são os desafios dos portugueses", disse.
O primeiro-ministro considerou esta segunda-feira que a "frustração" e "mágoa" de Cavaco Silva, por ter terminado o seu segundo mandato presidencial dando posse a um Governo que não queria empossar, justifica a sua oposição ao actual executivo.
"Não bate certo"
No sábado, durante o 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas (ASD), em Lisboa, o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva acusou o Governo de ser especialista em "mentira e propaganda" e, considerou que o primeiro-ministro perdeu a autoridade e não desempenha as competências que a Constituição lhe atribui, sugerindo a sua demissão.
Na sua visita ao Pisão, onde defendeu a construção do EAHFM e manifestou-se preocupado com as questões da seca, Rui Rocha questionou se o Governo considera "corriqueiro" temas como o do SIS contactar "a meio da noite" um cidadão português.
"Diz (António Costa) que estamos perante questões corriqueiras, que esta eventual intervenção do SIS é uma questão corriqueira e eu pergunto: mas é corriqueiro e pode um primeiro-ministro dizer que é uma situação corriqueira, um serviço de informações contactar a meio da noite um cidadão português", questionou.
"Mas, se era corriqueiro, então porque é que João Galamba falou com tanta gente, porque é que falou com Mendonça Mendes, por que é que falou com o ministro da Administração Interna, por que é que Mariana Vieira da Silva vem dizer que também falou com ele, se era corriqueiro porque é que João Galamba ligou ao primeiro-ministro que não o atendeu", questionou ainda.
Para o líder da IL, este caso "não bate certo", considerando que existe "uma tentativa de iludir" as responsabilidades que o primeiro-ministro possui nesta matéria.
Rui Rocha recordou que a IL apresentou um requerimento para que o primeiro-ministro seja ouvido na comissão de inquérito à TAP, considerando haver incompatibilidades entre as versões de João Galamba e António Costa quanto ao seu conhecimento sobre a intervenção do SIS.
"É isto a gestão pública em Portugal (sobre a TAP) e então as outras empresas públicas do sector empresarial do Estado o que é que se lá passa, porque na TAP nós estamos a ver e o resto, onde os portugueses metem cerca de quatro mil milhões de euros por ano, são todas estas perguntas que é preciso esclarecer", disse.