Perseguição a Harry e Meghan desvalorizada por motorista: “É Nova Iorque”

A polícia de Nova Iorque rejeitou as sugestões de o episódio ter sido tão perigoso como descrito pelos duques.

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Um porta-voz do príncipe denunciou que Harry, Meghan e Doria (mãe de Meghan) estiveram envolvidos numa “perseguição de carro quase catastrófica” Reuters/BRENDAN MCDERMID
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Uma perseguição que envolveu paparazzi e um membro da família britânica trouxe imediatamente recordações do acidente de viação que vitimou a princesa Diana, em 1997. Porém, o que terá acontecido com o seu filho mais novo, na terça-feira, pelas estradas de Nova Iorque, terá sido menos grave do que um comunicado do porta-voz do príncipe fez crer inicialmente.

O Departamento de Polícia de Nova Iorque confirmou o incidente que envolveu fotógrafos e o duque e a duquesa de Sussex, mas ressalvou que não se registaram feridos, colisões ou detenções. Ainda assim, o presidente da Câmara de Nova Iorque, Eric Adams, considerou “imprudente e irresponsável” que alguém andasse em perseguições automóveis numa cidade densamente povoada, acrescentando dois agentes estiveram em risco de ficar feridos.

Quem não se assustou foi o motorista de táxi, Sukhcharn “Sunny” Singh, que avaliou, em declarações ao The Washington Post, que, embora estivesse a ser seguido, não se tratou propriamente de uma perseguição como as que se vêem nos filmes, indicando que apenas dois carros estavam no seu encalço. E resumiu a experiência com uma constatação: “É Nova Iorque — é seguro”.

Apesar de o momento parecer ter sido exagerado pelo comunicado de Harry, o The Times of London ouviu amigos próximos do príncipe que contaram que ele lhes terá confidenciado que nunca se sentiu tão capaz de compreender o que aconteceu na noite em que a sua mãe, Diana, morreu.

De acordo com um agente da polícia, que pediu anonimato à NBC, o casal eventualmente conseguiu, com a ajuda das autoridades, mudar de táxi e chegar seguro ao seu destino.

Os três — Harry, Meghan e a mãe de Meghan — procuraram refúgio em duas esquadras da polícia na tentativa de despistar os paparazzi, detalha o Daily Telegraph, um dos poucos jornais ingleses com os quais os duques mantêm um canal aberto de comunicação.

O casal exorta, agora, os meios de comunicação social a não publicarem as imagens resultantes da perseguição: “A divulgação destas imagens, tendo em conta a forma como foram obtidas, encoraja uma prática altamente intrusiva que é perigosa para todos os envolvidos”, disse o porta-voz de Harry.

No entanto, ainda antes da divulgação do comunicado, pelo menos dois tablóides britânicos, o Daily Express e o Daily Mail, publicaram as imagens dos duques no interior de um táxi amarelo. As imagens estão associadas a estes jornais através do Google Images e visíveis nas versões mais antigas das notícias guardadas pelo motor de pesquisa, mas deixaram de estar visíveis nos respectivos sites.

Um porta-voz do príncipe denunciou, nesta quarta-feira, que Harry, Meghan e Doria estiveram envolvidos numa “perseguição de carro quase catastrófica” com os paparazzi a tentarem obter imagens exclusivas do casal. “Ontem à noite, o duque e a duquesa de Sussex e a sra. Ragland estiveram envolvidos numa perseguição de carro quase catastrófica às mãos de um grupo de paparazzi altamente agressivos”, lê-se em comunicado, citado pela Reuters.

“Esta perseguição implacável, que durou mais de duas horas, resultou em múltiplas quase-colisões envolvendo outros condutores na estrada, peões e dois agentes do NYPD (Departamento de Polícia de Nova Iorque)”, detalhou o porta-voz de Harry num comunicado.

Harry e Meghan têm vindo a acusar os media de perseguição, sobretudo os tablóides ingleses, contra os quais o príncipe tem a decorrer, de momento, duas acções nos tribunais londrinos. Foi, aliás, o assédio da imprensa que o casal citou para justificar a sua decisão de abdicar dos deveres reais e de se mudar para os EUA — ainda que, no início, os duques tenham proposto trabalhar em part-time para a coroa, dividindo o seu tempo entre a América do Norte e o Reino Unido.

Pouco tempo antes, Harry tinha acusado os tablóides britânicos de perseguição à sua mulher, declarando temer que a história se repetisse e que acabasse por acontecer com Meghan o mesmo que à sua mãe. “Eu vi o que acontece quando alguém que eu amo é catalogado ao ponto de deixar de ser tratado ou visto como uma pessoa de verdade. Perdi a minha mãe e agora vejo a minha mulher a ser vítima das mesmas forças poderosas”, escreveu Harry numa declaração emitida em Outubro de 2019, três meses antes de anunciar a sua decisão de se afastar.

Diana morreu na sequência de um acidente de viação, enquanto o carro onde seguia era perseguido por vários paparazzi. Na época, a morte da princesa de Gales, aos 36 anos, deu origem a um debate mundial sobre o comportamento da imprensa sensacionalista e, especificamente, dos paparazzi, colocando várias personalidades, quadrantes e responsáveis de órgãos de comunicação social a analisar onde se traçaria a linha entre o direito à informação e o direito à privacidade.

O desfecho do caso que vitimou Lady Di e o seu então companheiro, o egípcio Dodi Al-Fayed, chegou em Abril de 2008, com o júri responsável pelo inquérito a concluir que o acidente foi provocado pela conduta negligente de ambos os condutores dos veículos envolvidos: o Mercedes onde seguia o casal e o Fiat Uno dos paparazzi.

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